ATA DA OCTOGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 15.10.1997.
Aos quinze dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e
sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida
pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo,
Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães,
Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib,
João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo
Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães e Sônia Santos. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Clênia
Maranhão, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas,
Reginaldo Pujol e Tereza Franco. Constatada a existência de "quorum",
o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição
em avulsos de cópias da Ata da Terceira Sessão Especial, que foi aprovada. À
MESA foram encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, 01 Pedido de
Providências e o Pedido de Informações nº 159/97 (Processo nº 3058/97); pelo
Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Carlos
Garcia, o Projeto de Resolução nº 31/97 (Processo nº 3104/97); pelo Vereador
Cláudio Sebenelo, o Pedido de Informações nº 164/97 (Processo nº 3141/97); pelo
Vereador Fernando Záchia, o Pedido de Informações nº 162/97 (Processo nº
3101/97) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 182/97 (Processo nº 3102/97);
pelo Vereador João Dib, o Pedido de Informações nº 165/97 (Processo nº
3142/97); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências e o Projeto
de Lei do Legislativo nº 179/97 (Processo nº 3094/97). Ainda, foi apregoado o
Ofício nº 461/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, comunicando que
se ausentará do Município nos dias dezessete e dezoito de outubro do corrente,
a fim de viajar a Belo Horizonte/MG, onde participará do "III Fórum de
Governantes de Cidades Metropolitanas", e o Senhor Presidente informou que
a Vereadora Maria do Rosário estará representando a Casa na Audiência Pública
promovida pelo Ministério Público Estadual, que tratará do tema "Proteção
da criança e do adolescente contra a exploração do sexo e o uso abusivo do
erotismo na comunicação social", a realizar-se no dia de hoje. Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 447, 448, 449, 450 e 451/97, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre; 19/97, do Vereador Luiz Cláudio Pereira,
Presidente da Câmara Municipal de Gravataí/RS; 382/97, do Senhor Arno Hugo
Augustin Filho, Secretário Municipal da Fazenda; 2125, 2166, 2242, 2244, 2246,
2248, 2249 e 2250/97, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto/RS;
Convites: da Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul e
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Com a palavra, o Ver. Eliseu Sabino.
O SR. ELISEU SABINO (Requerimento): Sr. Presidente, solicito a inversão dos
trabalhos para entrarmos no período de Comunicações, com a finalidade de
prestarmos a homenagem ao Dia do Professor.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Eliseu Sabino. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos ao período de
Convidamos para compor a Mesa a representante do CPERS/Sindicato, Professora Vandir Lopes, e a representante da SMED, Professora Maria Lúcia Pinto.
O Ver. Eliseu Sabino está com
a palavra como proponente da homenagem ao Dia do Professor.
O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Nesta oportunidade, manifestamos a
nossa grande satisfação e a alegria de sermos proponentes da homenagem ao Dia
do Professor.
Esta data consagrada ao Dia
do Professor deve-se a um grande educador, o Prof. Everardo Backheuser,
Presidente da Associação dos Professores Católicos do Rio de Janeiro, sendo
esta data de sua iniciativa, como o Dia do Mestre.
A primeira comemoração foi
em 1933, no Instituto de Educação do Rio de Janeiro. Ficando essa data, por um
período, sem expressividade, longe de ser comemorada como outros eventos
significativos, pergunta-se por que o mestre não merecia uma homenagem igual às
outras categorias. E para isso teria que passar por uma mobilização da classe,
através do Ministério da Educação e Associações, para que o Dia do Professor
fosse comemorado sempre no dia 15 de outubro.
Considerando o atual momento
da categoria, que passa por muitas dificuldades quanto a sua qualificação, não
podendo aperfeiçoar-se porque sua situação salarial é incompatível com o custo
de um curso superior, esta classe hoje, aqui homenageada, faz muito pelo jeito
como é tratada com o descaso sucessivo, evidentemente, de alguns governantes.
Alguns governos não são dignos do poder que lhes foi outorgado através do voto
do povo se não usar a educação como a prioridade da Nação. Esta deve ser a
iniciativa de qualquer governante. Os governos têm visto a educação como um
fardo pesado e deveriam levar em consideração que todo o gasto com a educação é
investimento de real valia para o ser humano. Os jovens de hoje, se tiverem uma
boa base e uma boa educação, altamente qualificada, serão os baluartes da Nação
no dia de amanhã, sairão homens preparados para ocupar um lugar de destaque
nesta Cidade, conscientes dos seus deveres e de sua plena cidadania.
Recordando alguns anos
atrás, não muito distantes deste, diríamos 30 anos, 40, quando este proponente
Vereador era criança, os pais tinham orgulho de ter uma filha, um filho
formados no magistério, porque eram considerados mestres. Lembro-me quando, nas
brincadeiras de criança, perguntávamos um para o outro. Especialmente o sexo
feminino orgulhava-se em dizer: “Quando crescer quero ser professora”. Nos dias
atuais, a juventude não quer mais saber de se dedicar ao magistério por ser uma
profissão pouco valorizada e pouco respeitada, não lhes dando a dignidade
profissional. O magistério está ameaçado e relegado a um segundo plano, essa é
a grande realidade.
Nesta data devemos pensar
seriamente nesses profissionais em educação, e os representantes da educação
devem refletir sobre a atual situação e pensar grande, voltar-se ao futuro,
investindo na atualização e em tecnologia moderna nas escolas e, mais do que
nunca, valorizar o professor, dando-lhe todo o carinho e o amor que ele merece.
Caminhamos para a conclusão dizendo que o professor é um semeador, uma pessoa
que não foge da responsabilidade. O professor é amigo, é conselheiro, é aquele
que estimula, orienta os alunos e os prepara para enfrentar uma vida escolar
longa e profícua. É também alguém que se desincumbe de um trabalho sempre com o
máximo de interesse, com amor, desvelo e atenção, troca o seu pouco com o outro
sem esperar recompensa e riqueza, porque é semear no reino onde o dar e receber
é crescer, transformar e partilhar. Por tudo isso, digo apenas obrigado aos
professores, àqueles que, como professores, não apenas se manifestam com
dedicação no exercício de uma atividade profissional, mas se manifestam com a
dedicação e o desejo de cumprir uma missão, um sacerdócio, entregando a sua
vida para o bem-estar daquelas que hoje são crianças e amanhã serão as
autoridades responsáveis pela Nação. É nesse contexto que dizemos que os
mandatários municipais e estaduais devem estar preocupados não apenas com
programações especiais, mas especificamente, também, com as questões salariais
e a qualificação profissional, estando à disposição da categoria de professores
para que se possa auxiliar na resolução dos problemas enfrentados por ela.
Professores que hoje estão
sendo homenageados nesta Casa, o nosso apreço e carinho. Se hoje sabemos alguma
coisa é graças à dedicação de vocês. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos considerar como extensão da Mesa a Vice-Presidente da
Associação Solar do Professor Gaúcho, Sra. Valdeci Bezerra, e também a Sra.
Zoraida Souza; a Tesoureira daquela Associação, Profa. Maria Conceição Abreu; a
Profa. Gerci Fernandes e a Profa. Antonieta Abadie.
Queremos saudar a presença
aqui, no nosso Plenário, do Presidente da Câmara de Vereadores de Itabuna,
Bahia, nosso Ver. Pedro Egídio, do PFL; os Vereadores Carlos Jerônimo e Carlos
Prado, do PL. Sejam bem-vindos.
O Ver. Adeli Sell está com a
palavra.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os demais
presentes.) Sou professor. Estou, circunstancialmente, na função de Vereador, e
hoje é um dia em que, provavelmente, os professores esperavam receber maiores e
mais efusivas congratulações, mas eu senti que pouca gente se lembra deste dia.
Se lembrar, não dá muita importância. Afinal de contas, a nossa história, nos
últimos anos, pelo menos do fim da década de 70 até hoje, é uma história de
repetição. Sistematicamente se brada por melhores condições de trabalho,
melhores salários, e temos visto que, de norte a sul do País, a situação não é
muito diferenciada. Os professores das Universidades Federais estão há mil e
poucos dias sem reajuste salarial. Um professor concursado da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul ganha o que um “office-boy” ganha aqui, na Câmara
Municipal, e um professor do Estado nem falarei, porque não é preciso falar,
porque a situação é dramática. Não é preciso falar do Nordeste, não é preciso
falar de muitas e muitas prefeituras.
Mas acho que também hoje nós
devemos falar um pouco das perspectivas que estão colocadas, porque, apesar de
toda essa situação dramática em que vive o professorado neste País, há muita
elaboração intelectual nas escolas. Talvez em escolas muito distantes, onde as
dificuldades de acesso são maiores, os professores se colocam os maiores
questionamentos, buscam, de qualquer maneira, ter acesso a um livro, porque do
seu salário não podem comprar um livro de Paulo Freire, de Vigostki, enfim, de
grande contribuidores da formulação pedagógica que hoje está em curso, pelo
menos nos setores mais avançados da pedagogia moderna. Mas os professores vão à
batalha, os professores vão a seminários, os professores vão em busca do
conhecimento, e é difícil, é muito difícil, até porque alguns governantes fazem
de tudo para que não haja esse entrosamento intelectual, esse encontro de
professores, essa fermentação porque dali pode surgir uma conversa, um
descontentamento da falta de professores em várias e várias escolas, da chuva
que despencou em inúmeras escolas estaduais deste Estado nesse período e agora,
que o verão se aproxima, em algumas escolas vai ser insuportável dar aula por
causa do calor. É porque ali pode surgir um movimento e muitos governantes não
querem movimento de professores. Querem que os professores continuem nessa
dramática situação.
Também falo de um outro
aspecto, de que o professorado sempre foi rebelde, sempre mostrou a sua
radicalidade intelectual porque sempre trabalha com a idéia da liberdade, deixa
aflorar aquilo que é uma angústia da criança, que é uma angústia do
adolescente, mas a contrapartida - que deveria ser a contrapartida dos
governantes, daqueles que dirigem a educação - muitas vezes, em vez da
liberdade, é o tolhimento, em vez da liberdade, do fomento, da busca incessante
do conhecimento, do contraditório para fazer aflorar as questões da comunidade
para melhor ensinar e responder às coisas do cotidiano. São normas, são regras,
tem que fazer: “é assim, é determinação, eu mando, eu sou diretor; o
secretário, o Governo quer”. Esta é uma linguagem que nos maltrata, esta é uma
linguagem a que nós temos aversão.
E eu quero daqui fazer um
brado, porque esse meu brado acho que é o brado de muitos e muitos professores
do Estado e de muitos municípios do Rio Grande do Sul e do Brasil, para que a
educação seja colocada não apenas num discurso de campanha eleitoral, mas na
prática e na realidade como prioridade nacional. Mas há um ministro que quer
acabar com o ensino público federal, há um governo que faz um fundo sem fundo.
Queremos fundos para a educação transparentes. Nós vamos discutir aqui, hoje, o
Orçamento do Município de Porto Alegre, vamos discutir os gastos com educação,
pois há governos que não consideram a educação infantil - o trabalho brilhante
que está sendo feito nesta Cidade, que começou há algumas gestões atrás, nas
escolas infantis -, não se considera isso para o chamado fundo da educação do
Governo Federal. Evidentemente que todos nós - falo do meu partido, do meu
governo - devemos ter, sem dúvida nenhuma, dificuldades, devemos ter lacunas,
devemos ter coisas insuficientes, mas, ao sermos cobrados, tenho certeza de que
nos colocaremos as questões. E nós não temos medo da democracia, nós não temos
medo da liberdade, nós não temos medo da transparência. Nós queremos discutir,
nós queremos ser tensionados pelos professores, pela comunidade escolar. Nós
queremos ser encharcados pela vida, pelo ar, pelas contradições, pela sociedade.
Só desta maneira poderemos dar um salto de qualidade e educar, sendo educados.
Só desta maneira podemos fazer com que a educação seja, de fato, libertária, e
a escola, de fato, cidadã, e não uma escola de regras, de normas.
Por isso nos abrimos para a
sociedade e queremos sentir o que sente a sociedade, porque dessa maneira nós
conseguiremos elaborar e não desprezar os ensinamentos de Paulo Freire e de
tantos outros como Piaget e Vigotski .
Neste dia 15 lembro o nome
de Paulo Freire como símbolo da educação no País e, quiçá, no mundo. Muito
obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Gostaríamos de saudar alguns representantes que estão no Plenário. A
Associação Brasileira de Servidores de Câmaras Municipais está realizando um
curso de redação técnica no processo legislativo, atas e anais. Temos o prazer
da presença de representantes das Cidades de Rio Grande, Cachoeira do Sul,
Presidente Lucena, Porto Alegre, Joinvile, Caxias, Florianópolis, Tuparendi,
Cachoeirinha e Itabuna. Estão assistindo a esta Sessão como parte do curso.
O Ver. Carlos Garcia está
com a palavra em Comunicações.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Caríssimos professores, vocês, por
muitos e muitos anos, contribuíram, em muito, para a educação neste Estado.
Dia 15 de outubro sempre é
um dia especial porque é o Dia do Professor. O Professor Adeli Sell, na sua
fala, dizia que era professor, mas estava, neste momento, Vereador, e eu estou
Vereador, mas continuo sendo professor, porque entendo que esta é a nossa
missão sempre. Por este motivo eu não abri mão de continuar dando aula. Eu
entendo que a educação é vocação. E a cada dia, por acreditar no meu Deus,
agradeço por ter me dado esta vocação. O educador, mais do que nunca, é aquela
pessoa que no seu dia-a-dia é responsável pela formação dos seus alunos. Muitas
vezes ele não se dá conta desse enorme instrumento que ele tem nas mãos, ou
seja, o de transmitir algo para os seus alunos no seu dia-a-dia. O professor é
modelo, ou pelo menos deveria ser.
Esta figura que existe desde
o início do mundo, infelizmente, nos últimos tempos, tem sido relegada para um
segundo plano. Muitas e muitas vezes, ao dizer que somos professores, as
pessoas se espantam e perguntam se temos coragem de ser professor. Mas eu tenho
a certeza de que as pessoas vocacionadas dizem: “Sim, eu sou professor por
livre e espontânea vontade”. É igual àquele “sim” que se diz no casamento.
Nós optamos e queremos ser
professores, mas, ao mesmo tempo, eu vejo que alguns vivem num mundo diferente,
ou visão de mundo diferente. Hoje, ao ler um dos jornais da Capital, de grande
circulação, encontro a nossa Secretária de Educação do Estado dizendo que nunca
se deu tanto aumento como neste momento. Ou ela está vivendo em outro mundo ou
os meus cálculos estão totalmente errados.
O professor é aquele que,
quando vai fazer um curso, o custo sai do seu bolso, enquanto qualquer outro
profissional, de qualquer categoria, a empresa o remunera, banca as suas despesas
e o instala nos melhores hotéis. O professor tem que arcar com as suas próprias
despesas e, na maioria das vezes, fica em alojamento. Mas uma coisa ninguém nos
tira: no final de cada dia, embora com os salários aviltados, temos a
satisfação de, ao passar por um ex-aluno, vê-lo dizer: “Aquele foi meu
professor”. Eu estou falando com tal convicção porque posso dizer que fui
eleito basicamente por ex-alunos. Uma das coisas que mais gratifica no
dia-a-dia é o professor ser esse referencial, é o aluno consultando-o para as
questões mais diferentes. Às vezes, os alunos não têm uma identificação ou não
conseguem um diálogo em casa, mas, à medida que ele identifica um professor,
ele consegue dialogar. Isso, gente, é vida, e isso ninguém nos tira.
Prezados e caríssimos
professores, é muito bom ser professor. Esta profissão não vai deixar de
existir, podem ter certeza. Estamos vivendo, e vamos viver nos próximos anos,
uma grande lacuna, porque se tentou criar, na nossa população, uma falsa idéia
de que ser professor é ficar relegado a um segundo plano, e nós sabemos que não
é isso. Portanto, colegas, parabéns pelo nosso dia. Se eu tivesse que optar de
novo, continuaria sendo professor. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra ao Ver. João Dib em Comunicações.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, Srs. Professores,
Sras. Professoras, meus Senhores e minhas Senhoras, para quem, como eu, vive o
seu sétimo mandato de Vereador - já vou para o 27º ano nesta Casa -, há um
certo constrangimento no dia 15 de outubro para assomar à tribuna e saudar os
professores. Quando eu me dirigia para cá, o meu companheiro de bancada, Ver.
João Nedel, disse: “Coragem!”. É preciso ter coragem para se dirigir aos professores.
D. Pedro II, Imperador,
dizia que, se ele não fosse Imperador, ele gostaria de ser professor, porque
como professor teria oportunidade de aprimorar os jovens, ajudá-los a crescer
na vida e fazer um mundo melhor. Estava certo D. Pedro II, mas acredito que
hoje, nas condições em que vivem os professores deste Estado e deste País, ele
não gostaria de ser professor, porque o professor é um herói que só tem a
vivência da dificuldade. Professor, no meu entendimento, é a figura mais
importante da sociedade, e aqui, em nosso País, ele é relegado a um plano mais
do que secundário. Eu estive na Alemanha, num curso sobre administração
municipal, e pude ver o respeito que os alemães têm para com o professor.
Gostaria que esse mesmo respeito existisse aqui em nosso País, em nossa Cidade,
para que realmente o professor fosse valorizado à altura do que deve ser feito.
E é por isso que eu disse que é preciso ter coragem de vir à tribuna saudar o
professor no dia 15 de outubro, porque é a repetição de todos os anos que eu
ouço. E sempre dizem aos professores que eles são figuras extraordinárias, mas
fica tudo nas palavras que nós dizemos hoje, e nada mais do que isso.
Professor é, sem dúvida
nenhuma, a figura mais importante da sociedade, mesmo aquele que foi nosso professor
e que, na época, não gostávamos muito, porque ele era duro e extremamente
exigente. Quando ele deixa de ser nosso professor, passa a ocupar um lugar
muito importante em nosso coração. Quando fui Prefeito, uma das primeiras
coisas que eu disse aos meus assessores de gabinete era que, quando chegasse
alguém e dissesse que era meu professor, não importava quem eu estivesse
atendendo, pois iria atendê-lo na mesma hora. Tudo quanto eu fiz pelos
professores foi muito pouco: reconhecer o seu valor. É por isso que eu acho que
o dia 15 de outubro não deveria ser só de discursos e mais discursos, porque os
professores, exatamente porque sabem bastante, não vão se influenciar pelas
nossas palavras. É claro que vão ficar sensibilizados porque reconhecemos o seu
valor, mas não é o que o professor precisa, e sim precisa, realmente, muito
mais de atenção.
No passado, quando fui
aluno, sentia que meus professores tinham melhores condições do que têm hoje.
Ser professor na Escola de Engenharia ou no Colégio Júlio de Castilhos era
“status”. Hoje, ser professor é doação, é sacrifício, é quase castigo. Mas é
que as pessoas têm alma, têm coração, têm entusiasmo, têm sonhos e tentam
transmiti-los. É por isso que o professor merece todas as palavras bonitas, e
eu não sei dizer todas elas, mas gostaria que não houvesse discursos no Dia do
Professor e sim que o Dia do Professor fosse todos os 365 dias do ano e que
houvesse muito mais ação por parte de toda a coletividade, quer seja política,
administrativa, do comércio, da indústria, enfim de todos que, somados, se
unissem para dar ao professor aquela condição de trabalho e de vida que ele
merece e que ele não tem. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, quero saudar os colegas da Mesa, sejam Vereadores ou
Professores, demais Vereadores e os Professores que nos assistem na Sessão de
hoje.
Neste dia, é importante
fazermos uma reflexão das conseqüências, não somente para o professor, mas as
conseqüências para a sociedade da desvalorização e do desmonte que vem
acontecendo sistematicamente na educação, especialmente na escola pública.
Hoje, estamos acostumados ao discurso, a ouvir conceitos como eficiência,
controle, competitividade, qualidade total, que são os conceitos amplamente
divulgados no mundo com esse projeto que pretende se estabelecer por todas as
regiões do planeta. Esses conceitos estão também dentro da educação. Eles
saíram do campo da economia para o campo da educação.
Mesmo o projeto da
globalização tem o seu similar na educação, que é a “mercoescola”. É um projeto
todo que visa, de um lado, a implantar dentro da escola a visão do mercado, a
escola competitiva, a escola que tem controle de qualidade, a escola que
adestra para o mercado, e não a escola que se preocupa em formar a cidadania;
por fim, a escola que desenvolve todos esses valores, como o individualismo, a
competição e assim por diante. Esse projeto, hoje, está em choque com toda uma
construção histórica de batalha, não só dos partidos de esquerda, mas do
movimento sindical, do movimento social de construção de uma escola nova, uma
escola que forma o cidadão, uma escola que se preocupa em formar para a vida,
uma escola com métodos democráticos e pedagógicos de ensino e com participação
popular. Pois esse projeto histórico que foi sendo construído a muito custo ele
está em choque hoje com essa nova visão “moderna” de escola, que é o projeto
neoliberal aplicado na educação. Esse projeto está em marcha galopante e, toda
vez que esse projeto se choca com conquistas, sejam elas em termos de gestão
democrática, de metodologias participativas de ensino ou direitos dos
trabalhadores, ele bate forte. É isso o que está acontecendo no País. Os professores
estão submetidos à mesma reação que os funcionários públicos estão, de perdas
de direitos. A cada dia nós estamos perdendo direitos e, assim como os demais
trabalhadores, os professores estão numa atitude de defender os seus direitos
que a cada dia estão sendo ameaçados.
A questão dos salários é até
uma piada. O Governador publicar duas páginas de jornal para dizer uma
generalidade, e o único dado certo, real, que ele coloca ainda é distorcido,
que é a questão da eleição de diretores! Ele esqueceu de dizer que essa eleição
de diretores foi uma conquista do magistério e da sociedade, desfigurada pelo
Governo quando introduziu a exigência absurda de os professores, para
concorrerem a diretor, terem de se submeter a cursos, distorcendo a histórica conquista
dos professores. O salário ele nem toca, porque não poderia tocar, porque um
piso salarial de 128 reais, 142 reais com abono, realmente não dá para
publicar. É impublicável! Então, prefere dizer essas generalidades, de que
nunca houve tanto reajuste.
Eu quero fazer um elogio ao
Ver. João Dib que, com coragem, veio aqui falar desta tribuna. Porque os outros
Vereadores sumiram do Plenário, quando deveriam vir aqui dizer por que estão
acontecendo essas coisas, visto que são parte do governo do Estado que está
fazendo isso - é o governo em nível federal e em nível estadual -, e deveriam
estar aqui para explicar isso, defender isso ou quem sabe somar forças de toda
esta Casa para pressionar os governos para que essa situação fosse, de uma vez
por todas, modificada.
O que está acontecendo hoje,
além dessa visão, é que nós temos em marcha um processo de privatização,
primeiro de municipalização. Como os municípios estão, pelo próprio projeto
neoliberal, cada vez mais sem recursos, o que vai acontecer é que, ao
municipalizar a educação da forma como estão querendo, na verdade vai ser a
ante-sala para a privatização, porque a educação vai decair tanto, que qualquer
escola particular que seja um pouquinho melhor aparecerá como sendo uma escola
de melhor qualidade.
Quero chamar a atenção para
duas leis que passaram no Congresso Nacional. Uma é a Emenda Constitucional 14,
de setembro, que criou o fundo e guardou para as atribuições da União a tal da
função redistributiva, que é pegar os recursos e poder redistribuí-los e
equalizá-los entre os municípios e o Estado. Logo depois, no apagar das luzes
em 1996, na véspera do Natal, veio a Lei 9424, que criou o fundo. E o que fez o
fundo? O fundo foi criado com gentileza do chapéu dos outros, porque cria o
fundo com os recursos dos municípios, tira do fundo de participação, do IPI e
do ICMS. Constitui um fundo e redistribui para os municípios com um cálculo de
custo aluno/ano de 300 reais. Em Porto Alegre, no ensino fundamental, é um mil,
390 reais. O custo do aluno/ano em Porto Alegre, na SMED, para escola infantil,
é de um mil, 650 reais e, em escola especial, nove mil e 500 reais. O que vai
acontecer com os municípios? Os municípios, para ganhar mais dinheiro, vão ter
que começar a colocar mais gente para dentro da sala de aula ou, então, fazer
com que o ensino decaia, porque não vai conseguir sobreviver com esse cálculo.
Mas o fundo é mais perverso, porque ele aconselha um novo plano de carreira,
onde cassa os direitos dos trabalhadores, como a licença-prêmio dos professores,
e impõe um piso nacional de salário de 300 reais.
Então, eu acho que este é um
momento de muita reflexão, e é preciso que os trabalhadores, tanto da área da
educação como os das demais áreas, se unam para enfrentar esse projeto antes
que esse Estado mínimo também consiga a perversidade de criar uma escola
mínima. E quando a gente vir, a escola pública vai ser para uns poucos, e os
trabalhadores não mais terão acesso à educação. A sociedade já está pagando
pelo resultado desse processo de desmonte da escola pública. A cada dia, quando
abrimos os jornais, vemos que ninguém mais quer ser professor. São poucas as
vocações para o magistério que se submetem ao salário e às condições de
trabalho que se têm no País hoje. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra em Comunicações.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Ver. Clovis Ilgenfritz; prezado
companheiro Paulo Brum, Secretário da Mesa; Profa. Vandir Lopes, representante
do CPERS/Sindicato; Profa. Maria Lúcia Pinto, representando a SMED; Profa.
Valdeci Bezerra e suas companheiras do Solar do Professor Gaúcho, presentes a
esta Sessão; Sras. e Srs. Vereadores, eu ocupo a tribuna, hoje, numa função
didática, casualmente na homenagem ao Dia do Professor.
O Presidente Clovis
Ilgenfritz anunciou, há pouco, encontrarem-se aqui diversas pessoas que estão
participando de um curso promovido pela Associação dos Funcionários das Câmaras
Municipais, com representantes de várias pessoas do interior e até de fora do
Estado. Esses alunos foram incumbidos de assistir a esta Sessão para
reproduzirem a sua ata, que, posteriormente, será transformada em anais. Essa é
a minha função nesta tarde, aqui, da tribuna da Câmara.
O que quer dizer isso? Que
todos nós somos, cada um a seu modo, também, professores. Não é só aquele
professor formal na sala de aula. O magistério começa com a mãe ensinando o seu
jovem rebento a balbuciar as primeiras palavras. É com a mãe que o ser humano
aprende a falar. E essa é uma importantíssima função de professor.
À parte as agruras que o
professor está passando hoje, que já foram relatadas e que são objeto de
preocupação, devemos dizer que o professor, hoje, como toda a sociedade,
atravessa, também, um processo de profunda transformação. Nós estamos diante de
um mundo que se habilita a mudar de milênio, traduzindo nos dias que passam uma
grande confusão. Porque estamos nos despedindo de uma era e entrando em outra,
diante de uma perspectiva que não conhecemos ou que muitos de nós não têm
condições de perceber de que se trata. E, nessas circunstâncias, também a
função do professor se agita. Mas de uma coisa podemos ter certeza:
basicamente, a função do professor vai superar essa fase de confusão. O
professor nunca será substituído pela máquina, por exemplo.
Sou oriundo de um mundo
paralelo ao magistério, que é o mundo da comunicação. O magistério não é senão
a transferência de conhecimentos, num processo autêntico de comunicação, só que
exercido em âmbitos diferentes.
Como comunicador, além de
outras atividades magisteriais, considero-me um professor, porque, no processo
de comunicação - os jornalistas são um exemplo clássico disso - a sociedade se
educa, é informada, e principalmente os jornalistas da imprensa falada, que
têm, como matéria-prima, a linguagem que, no caso brasileiro, por exemplo, é um
fator de integração nacional. Nós hoje estamos diante de uma divisão do
Mercosul, ou numa tentativa de integração do Mercosul. Pelas diferenças de
linguagem, os colonizados espanhóis estavam de costas, voltados para os
colonizados portugueses. Hoje nós nos viramos de frente um para o outro e
estamos tentando nos comunicar, nos integrar. Isso é um sinal dos tempos, é um
avanço, é o progresso. Não podemos dissociar esses fatos da função do
professor.
Hoje se comemora este dia, e
alguém já disse que, constrangidamente, todos os anos, nesta data, comparecemos
à tribuna para exaltar as virtudes do professor, mas sem que até hoje tenha
havido uma decisão política de transformar a educação em uma prioridade
nacional. As estatísticas dizem que no Brasil, hoje, existem seis milhões de
crianças sem escola. Isso é um atentado ao futuro de um país que pretende
emergir, no terceiro milênio, da condição de subdesenvolvido para mais ou menos
desenvolvido.
Nós não pretendemos nos
tornar o farol do mundo. Queremos apenas uma sobrevivência digna para os nossos
concidadãos, e nem isso estamos tendo; estamos tentando construir a duras
penas. Nessa construção, a figura do professor, do “magister”, tem um papel
fundamental, porque é a transferência do conhecimento o que compete ao
professor e é o conhecimento que vai ser a moeda mais valiosa do próximo
século. Essa é a função do professor. Repito que, abstraindo tudo aquilo que
foi dito, da falta de amparo, da falta de respeito ao professor, público,
principalmente, não podemos nos desesperar. Devemos fazer tudo o que estiver ao
nosso alcance, não com palavras, mas com ações, porque a radiografia está feita
- o que falta é ação. E nós, políticos, devemos ter a consciência de que temos
que acabar com o discurso e partir para a ação concreta. Isso é objeto de toda
a sociedade, inclusive dos professores, cuja homenagem hoje é a mais profunda e
a mais respeitosa possível. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra para a Profa. Vandir Lopes, que falará em nome de
Lúcia Camini, Presidente do CPERS, e também do Solar do Professor Gaúcho.
A SRA. VANDIR LOPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou aqui, hoje,
representando a Associação Solar do Professor Gaúcho, da qual sou Presidente.
Esta é uma entidade beneficente que se preocupa com o professor público
aposentado, com aquele professor que se aposenta com esses vencimentos
aviltados e precisa de companhia por causa da sua solidão e também necessita de
ajuda para sua sobrevivência. Então, temos em Lomba Grande, no Município de
Novo Hamburgo, um área de 13,5 ha com uma casa que se chama Solar do Professor
Gaúcho. Essa casa abriga, atualmente, quatro professoras aposentadas. Uma delas
se encontra aqui - a Profa. Antonieta Abadie. Elas moram nessa casa e
sobrevivem com o auxílio da própria Associação Solar do Professor Gaúcho, num
sistema de co-gestão.
Hoje, pela manhã, estive em
Lomba Grande com a Profa. Lúcia Camini e com toda a Diretoria do
CPERS/Sindicato, que foi fazer uma homenagem ao nosso trabalho, ao trabalho meu
e da minha diretoria, que está aqui presente. Nós estamos trabalhando com muito
boa vontade, sem termos absolutamente nenhuma remuneração, e fazendo com que
este nosso empreendimento siga adiante.
A Diretoria do
CPERS/Sindicato nos deu a honra de ir até lá e fazer uma homenagem às moradoras
e conhecer o local onde estamos fazendo este empreendimento, que é muito
difícil. Nós gostaríamos de começar a construir novas casas-lares, mas não
temos recursos financeiros para isso. Estamos fazendo um trabalho muito grande
para podermos continuar o nosso empreendimento, mas acreditamos que, do modo
como estamos vindo desde agora, conseguiremos ir adiante.
Neste ano de 1997, a
Associação Solar do Professor Gaúcho está completando 25 anos de existência.
Assim, estamos numa programação toda especial, e agora, à tarde, seremos
homenageados no Clube do Professor Gaúcho pelo nosso colega Prof. Adalgir
Lazzari. A Profa. Lúcia pediu-me que a representasse também nesta cerimônia
pelo entrelaçamento que temos entre a nossa Associação e o CPERS/ Sindicato.
Independente disso, eu sou a Coordenadora do grupo de aposentados do CPERS/
Sindicato e, então, estou sempre em contato com a Diretoria.
Quero dizer aos Vereadores,
que foram tão gentis em nos cumprimentar por nosso dia, que para algumas
pessoas dizemos que não merecemos cumprimentos, que merecemos pêsames: pêsames
pela situação em que o magistério está, mas cumprimentos pela nossa dignidade
pessoal e pela nossa força de vontade de estarmos lutando e conseguindo chegar
até aqui.
Quero dizer ao Ver. Lauro
Hagemann que na passada do milênio nós seremos sobreviventes, porque, se algum
de nós conseguir sobreviver a tudo isso que estamos passando, seremos os
sobreviventes do próximo milênio. Acho que isso é uma coisa muito importante,
para nós dignifica muito, porque nós lutamos por uma causa justa, pelos colegas
aposentados e estamos sempre lutando no CPERS contra um governo que nos espezinha,
nos trata com esmolas, e assim mesmo nós estamos com a cabeça erguida e assim
continuaremos até o ano 2.000, se Deus quiser. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa entende que o período de Comunicações teve um significado
profundo proposto pelo Ver. Eliseu Sabino, que é Presidente da Comissão de
Educação desta Casa. Os nobres Vereadores que ocuparam a tribuna expressaram
suas preocupações e saudações em nome de todos os 33 Vereadores. Em nome da
Mesa, quero também fazer essa homenagem aos professores, dizendo da importância
que precisamos dar para a luta pela dignificação da educação, que passa pela
dignificação do professor público e privado. Um abraço fraterno e companheiro
da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Vamos suspender os
trabalhos, por alguns minutos, para as despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h11min.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum - às 15h15min): Estão reabertos os
trabalhos.
Passamos ao período de
PAUTA ESPECIAL - DISCUSSÃO PRELIMINAR
2ª SESSÃO
PROC. 3033/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 042/97, que estima a Receita e
fixa a Despesa da Administração Direta do Município para o exercício
econômico-financeiro de 1998. Com Anexos
I e II.
PROC. 3034/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 043/97, que estima a Receita e
fixa a Despesa do Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE para o
exercício econômico-financeiro de 1998. Com
Anexo I.
PROC. 3036/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 044/97, que estima a Receita e
fixa a Despesa do Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB para o exercício
econômico-financeiro de 1998. Com Anexo
I.
PROC. 3037/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 045/97, que estima a Receita e
fixa a Despesa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU para o
exercício econômico-financeiro de 1998. Com
Anexo I.
PROC. 3038/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 046/97, que estima a Receita e fixa a Despesa da Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC para o exercício econômico-financeiro de 1998. Com Anexo I.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Pauta Especial.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é lamentável que às 15h15min, no
período de Pauta Especial, em que discutimos o Orçamento do nosso Município,
apenas um terço dos Vereadores desta Casa estejam presentes. Este é um dos
períodos mais importantes de discussão e reflexão dos componentes desta Câmara
de Vereadores. Até para poderem interferir nos destinos da Prefeitura no
próximo ano, este é o momento mais adequado.
Temos em mãos a peça
orçamentária do Município, que passou por uma discussão; segundo o Sr. Prefeito
Municipal, por mais de 20 mil pessoas, nas 16 regiões do Orçamento
Participativo, nos cinco grupos temáticos e aprovadas as proposições no
Conselho do Orçamento Participativo da Cidade de Porto Alegre. O Prefeito
salienta que o Orçamento está embasado na aprovação da Lei de Diretrizes
Orçamentárias feita nesta Casa e no Plurianual. Destaca que, através das
prioridades estabelecidas pelo Orçamento Participativo, a Prefeitura vai
priorizar as obras de pavimentação comunitária, pretendendo realizar, através
da SMOV, 20km de pavimentação. Além disso, obras e ações da política de
regularização fundiária. Os Vereadores sabem o quanto esse fato é importante em
uma cidade com dezenas de vilas, o que significa isso para um pai de família,
regularizar a sua situação e “ter um canto seu”, como costumam dizer.
Quero destacar a importância
que estamos dando, como demos em gestões passadas, às obras de infra-estrutura
na área do saneamento básico. Queria mostrar aos Srs. Vereadores, em linhas
gerais, as percentagens que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre pretende
gastar em relação ao que está previsto de arrecadação para o ano de 98.
Aprovamos, aqui na Câmara, que até 4% pode ser o gasto da Câmara Municipal.
Pelos números previstos, nós ficaríamos em 3,32%, ou seja, abaixo do que
poderia ser gasto. No Gabinete do Prefeito, temos um gasto de 0,56%. No DEP,
com uma série de inserções importantes na Cidade, não teremos aquele investimento
que nós, da Administração Municipal, gostaríamos de ter, e sem dúvida nenhuma a
população de Porto Alegre almejaria muito mais. Gastaremos 3,47%. A Secretaria
Municipal de Cultura gastaria, nessa previsão, 1,72%. Talvez alguns dirão aqui
que são gastos muito altos em comparação com gastos que se faz em obras de
infra-estrutura. Não penso dessa maneira, porque a vida numa cidade se faz
trazendo para a população, além da habitação, do transporte e da viabilização
da sua vida através de um emprego, a ocupação do seu tempo livre, e muitos
governos não têm dado a devida atenção a essa questão. Nós temos nos preocupado
com isso. Talvez precisássemos adequar alguns dos nossos investimentos na área
da cultura - 1,76, esporte; 0,51 para o que costumamos chamar de terceira
idade.
O meu partido pode
vangloriar-se de ter vanguardeado, puxado uma série de mobilizações nacionais
na área da previdência, do salário, da garantia do bem-estar do aposentado, mas
acredito que nós ainda devemos para Porto Alegre, que administramos pela
terceira vez, uma forte inserção política para atender o idoso, o aposentado,
na área da cultura, do esporte e do lazer. Eu quero fazer um esforço pessoal -
creio que terei o apoio do meu colega José Valdir, que tem levantado também
essas preocupações - para que o idoso tenha mais espaço e que mais atividades
culturais e recreativas sejam feitas para que nós possamos ocupar essas pessoas
devidamente e que elas tenham o seu espaço de cidadania garantido.
Assim como já salientei para
o DEP, os gastos que nós poderemos fazer na Secretaria Municipal de Obras e
Viação, de 10,84%, devem estar muito longe daquilo que os 20 mil
porto-alegrenses pediram, reivindicaram nas plenárias do Orçamento
Participativo. Sem dúvida nenhuma que os Conselheiros que aprovaram esse
Orçamento devem ter colocado muito mais demandas do que o dinheiro que nós
podemos aplicar. No entanto, como já salientei anteriormente, nós faremos obras
de infra-estrutura, particularmente a pavimentação comunitária, dando
prosseguimento a fortes investimentos que já vimos fazendo na periferia da
Cidade, dando condições às pessoas que vivem em lugares mais distantes do nosso
Município de terem acesso ao Centro da Cidade e terem a sua dignidade
conquistada. A Secretaria Municipal de Indústria e Comércio deve gastar 1,16%
do Orçamento. Também diria: demanda, sem dúvida nenhuma, haverá mais do que
isso porque, se nós incluirmos todas as possibilidades, todo o leque que essa
Secretaria deve abranger, pode abranger e terá que fazer mais do que já está
fazendo, o gasto é pequeno. Mas creio que com iniciativas como as que estamos
tomando na Restinga, ontem, quando entregamos uma série de lotes para a
indústria, o comércio e os serviços, uma perspectiva possamos abrir no sentido
de fazer com que Porto Alegre seja o Centro Turístico do Mercosul, numa forte
relação com a iniciativa privada, com “trade” turístico, e numa associação -
que espero que seja mais e melhor construída - com os pequenos comerciantes,
com os grandes empreendedores desta Cidade, que muitas vezes têm-se preocupado
apenas com a sua instituição comercial ou industrial, mas não têm se preocupado
de articular isso com o Município, porque desta maneira o seu próprio
empreendimento teria muito mais poder de crescimento. Creio que podemos superar
o limite financeiro da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio fazendo
este embate com os investidores da nossa Cidade.
Eu comentava com o Ver. João
Carlos Nedel que os encargos gerais do Município têm uma previsão orçamentária
muito alta, de 24%. E aí os gastos são fundamentalmente com previdência. Quero
chamar a atenção de que um debate se coloca na sociedade sobre a criação de
fundos municipais de assistência aos municipários, porque nós teremos problemas
num futuro imediato também em Porto Alegre, caso não consigamos resolver essa
questão.
Comentarei rapidamente
alguns fundos municipais de que dispomos. É objetivo do Funcompras, da SMIC,
atingir o patamar de quatro mil ranchos até o final de 98. A CEFOR, da qual
faço parte, fez um pedido, que vai reiterar ao Secretário e à Coordenadora do
Funcompras, para um debate nesta Casa, porque aqui poderá ser estabelecida uma
maior divulgação desse projeto e poderá ser estabelecida uma parceria concreta
com os cidadãos comuns, interagindo com o Poder Público Municipal, tendo,
portanto, possibilidade de comprar mais, melhor e mais barato. Esse é um debate
que, eu acredito, não é atinente apenas à nossa Comissão, mas que abrirá para o
conjunto da Câmara Municipal.
O Funmercado tem como
objetivo - está colocado, escrito e registrado - a manutenção e animação do
Mercado Público. Nesse particular, quero dizer que, se depender deste Vereador,
365 dias por ano terá sua atenção voltada para esse importante empreendimento,
porque é um dos símbolos da nossa Capital, e os poucos recursos que ali serão
aportados deverão ser bem gestados, de comum acordo com os permissionários.
Devemos continuar esse
debate sobre o Orçamento do Município para que nós, Vereadores, em conjunto,
possamos apresentar as melhores contribuições ao Município e aprovar aquilo que
é necessidade para o povo de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para uma Comunicação de
Líder.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje abordo um
tema que chamo “a decepção dos militares”. Aonde querem chegar os atuais e
provisórios detentores do poder? Como pode ser o Presidente da República,
Comandante em Chefe das Forças Armadas, manter-se insensível e indiferente à
grave situação salarial dos militares brasileiros? Que interesse tem?
Negar-lhes direito quando muito bem cumprem com seus deveres, “cutucá-los com
vara curta”, forçando-os a se enfurecerem, testá-los em sua capacidade de
resistência com risco de transformá-los em feras? Tentar escambinhá-los? São
perguntas feitas não por mim, mas pelo Dep. Álvaro Valle no dia 25 de agosto de
1997, na Câmara Federal, e a argüição quanto às intenções são de autoria do
Presidente do Clube Militar na última revista do clube, em seu editorial,
repetindo a sua posição de colocar o formato da bandeira em negro, ao comentar
o descaso manifesto pelo atual governo às suas Forças Armadas.
Preparava-me para redigir um
pronunciamento, um manifesto, um artigo quando surgiu este que foi, afinal de
contas, a pá de cal. O Presidente do Congresso, o tal do Sen. Antônio Carlos
Magalhães, um oportunista eleitoral, julgou serem os magistrados e os militares
funcionários comuns, por isso não gozarem de privilégios em suas aposentadorias.
Conhecemos o “orixá da Bahia” nos idos tempos do governo militar em que S. Exa.
cultuou e cultivou. Não me surpreendeu a sua demonstração de ingratidão para
com os homens de farda deste País, estes homens que se recusaram a manipular os
cofres públicos e os bens do Tesouro para se locupletarem. Nem dos seus
vencimentos eles cuidaram. O País todo sabe quanto nós ganhamos. Tão
despreocupados estavam com os seus interesses, que lograram dar à Nação,
naquele curto espaço de tempo, um maior PIB, estradas, a menor inflação,
segurança, 15 milhões de novos empregos, BNH, a segunda marinha mercante do
mundo. Comunicações estourando em todo o País! Tantos foram os avanços, que
quase me desvio do rumo deste comentário. Mas não se enganem os militares: este
Senador que conheci no auge do período militar, então Governador da Bahia, me
foi apresentado pelo Gen. Ludwig, a quem ele, Senador, já saudava como o novo
presidenciável, lá em Brasília. Eu estava, neste momento em que ele saudava
Ludwig, com o novo Presidente da República.
Foi este homem o inventor
desta cilada, desta traição aos seus amigos militares, e de quem se dizia
companheiro. Mas como o importante é aparecer, mesmo através da ingratidão, o
Senador inventou esta tal de emenda, criando para os juízes e militares o tão
decantado privilégio. Mas que privilégio? Privilégio de quê, se a carreira não
permite outro emprego, exige contínuas transferências? Não há horas
extraordinárias. Não tem FGTS. Tudo, sempre, subordinado a vencimentos básicos,
não permitindo, sequer, após uma vida de lutas, se adquirir um simples
apartamento.
Estrepitosamente, este
Senador - pena que ele não me escute em Brasília - apresenta, para surpresa de
todos, até de seus pares, esta emenda que revolucionou o Senado. E o Senado,
submisso, seguiu o Senador. Aliás, o parlamentar em Brasília é um submisso. Via
de regra, é um submisso. Verdadeira traição para aqueles que lhe confiaram até
os mandatos eletivos no passado; pela sua liderança e pela integridade de
caráter, ele foi nomeado pelos militares, fez toda a sua carreira com
militares, na tutela dos militares, e agora, em Brasília, vira a mesa, mas não
para mim, que conhecia este homem muito de perto, nos gabinetes do Sr. Golbery.
Como diz o filósofo: a ingratidão é um fardo tão pesado, que os menos dotados
de caráter se apressam a depositá-lo nas primeiras dobras do caminho.
Ladinamente inquiriu o Presidente dos Estados Unidos: “Com que direito S. Exa.
dita normas ao Brasil?” A frase é muito simpática, vem a calhar, polariza todo
o patriotismo nacional, profundamente desgastado com esta viagem presidencial
de Clinton. É o estilo do Senador, um homem de oportunidades; ele trabalha
assim, ludibria o Brasil há muito tempo; para isso foi à Presidência do Senado,
disputa com Fernando Henrique Cardoso as manchetes do jornal, os noticiários de
rádio e tevê com relativa vantagem.
Quem não conhece Antônio
Carlos Magalhães? Quem não conhece, no Plenário, este homem, este oportunista?
Os militares sabem agora com que tipo de homem estão tratando e de onde podem
receber tiros ajustados da traição, de um inimigo nas trincheiras. Os militares
percebem agora que na política as oportunidades não podem ser desprezadas. Os
militares percebem também que o inimigo, em política, muito mais do que numa
manobra de guerra, pode, preferencialmente, surpreender até dentro de casa, ser
nosso comensal, saudar-nos todos os dias com rapapés que nos confundem, através
de elogios que nos causam simpatia.
Recordem, soldados de todo o
Brasil - não é impressão, mas uma triste evidência: quem foi o político que
chamou de privilégio a dura vida da caserna? O Senador Antônio Carlos
Magalhães. Militares de todo o Brasil, voltem-se para este homem. Ele é o
responsável por tudo. Não se iludam com essas demonstrações de fortaleza, de
peito aberto. Isso tudo é uma ilusão. Eu conheço esse homem. Qual foi o
político que chamou de “privilégio” a dura vida da caserna? Militares de todo
Brasil, respondam: o Senador Antônio Carlos Magalhães. Que motivo o levou a
isso? Uma antipatia recalcada pelos muitos anos de privilégio e favores que
obteve dos militares? Pode ser. Ele se lembra ainda dos privilégios que recebeu
...
O SR. PRESIDENTE: Para concluir, nobre Vereador.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: ...e demonstrou o miserável traço de caráter. De
qualquer forma, Srs. militares de todo Brasil, prestem atenção! É um militar
político que vos fala - dura a missão: persigam esse homem, marquem esse homem
- Senador Antônio Carlos Magalhães. Marquem esse homem, porque ele é o
responsável por tudo! Não vamos dar trégua a esse homem, de jeito nenhum! Vamos
persegui-lo onde ele estiver! Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta Especial, passamos
ao período de
1ª SESSÃO
PROC. 2499/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 018/97, de autoria do Ver. Carlos
Garcia, que altera a redação do inciso III do art. 90 da Lei Complementar nº
133/85, que estabelece o Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de
Porto Alegre. Com Emenda nº 01.
PROC. 2666/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 158/97, de autoria do Ver. Gerson
Almeida, que dispõe sobre a obrigatoriedade de inclusão, nas convenções de
condomínio, de dispositivo que garanta o direito ao lazer previsto no Estatuto
da Criança e do Adolescente, na Convenção sobre os Direitos da Criança e na
Constituição Federal.
PROC. 2866/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 171/97, de autoria da Vera. Tereza
Franco, que proíbe a cobrança de honorários advocatícios, por parte das imobiliárias
ou administradoras de imóveis, sem o devido ajuizamento da ação de cobrança.
PROC. 3030/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 006/97, que altera a alínea “b” do
inciso I do artigo 176 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985, e
dá outras providências.
PROC. 2594/97 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 002/97, de autoria do Ver. João
Motta, que acrescenta Seção IX ao Capítulo I do Título IV - da Ordem Social e
Cidadania - da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.
PROC. 2992/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 024/97, de autoria do Ver.
Fernando Záchia, que exclui o parágrafo único do art. 15 da Lei Complementar nº
284, de 27 de outubro de 1992, com redação dada pela Lei Complementar nº 319,
de 28 de abril de 1994, que institui o Código de Edificações de Porto Alegre, e
dá outras providências. (exigência de apresentação, dentre outros documentos,
de certidões negativas para a concessão de Carta de Habitação)
PROC. 3024/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 174/97, de autoria da Vera. Tereza
Franco, que obriga os proprietários de casas noturnas e salões de baile a
identificar, visualmente, de forma individualizada, os funcionários que atuem
na área de segurança.
2ª SESSÃO
PROC. 3039/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 007/97, que estabelece a planta
genérica de valores para imóveis territoriais e prediais, altera artigos da Lei
Complementar Nº 07, de 07 de dezembro de 1973 e dá outras providências. Com Anexos I e II.
3ª SESSÃO
PROC. 2486/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 151/97, de autoria do Ver. Hélio
Corbellini, que declara de utilidade pública o Clube de Mães Legionárias do
Trabalho.
PROC. 2909/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 172/97, de autoria da Vera. Maria do Rosário, que denomina Praça Vasco Rodrigues de Lima um logradouro público localizado no Bairro Restinga.
O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra o Ver. Carlos Garcia por cinco minutos.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entramos com um
Projeto de Lei Complementar propondo alteração na redação do inciso III do art.
90 da Lei Complementar 133/85, que estabelece o Estatuto dos Funcionários
Públicos do Município de Porto Alegre.
Basicamente, para o
entendimento dos colegas Vereadores, esse Projeto é relativo à dispensa do
funcionário estudante, que é liberado das suas atividades em até um terço da
sua carga horária, só que a atual lei estabelece que o funcionário é liberado
somente do regime para o qual ele foi contratado. Por exemplo, se o funcionário
público municipal fez o concurso para 20 horas, pela lei atual, se estiver
estudando, ele é liberado para 1/3 dessas 20 horas. No Município de Porto
Alegre, existem centenas e, talvez, milhares de casos de funcionários que têm
regime especial de trabalho, ou seja, passam de 20 para 30, ou de 30 para 40,
ou de 20 para 40. Então, o que nós estamos propondo é que a dispensa do
funcionário estudante desse 1/3 seja, efetivamente, pelas horas desempenhadas
naquele momento. Nós entendemos que isso é mais do que justo, pertinente, e
estamos propondo algo que já existe em outra legislatura.
É por esse motivo que
conclamamos os demais Vereadores a participarem desse debate e ao próprio
Executivo, que no momento oportuno, quando for aprovada essa lei, não a vete,
para que todos funcionários públicos municipais estudantes tenham esse direito
assegurado. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na Pauta, entre outros projetos no
dia de hoje, o Projeto da querida Vera. Tereza Franco que proíbe a cobrança de
honorários advocatícios por parte das imobiliárias ou administradores de
imóveis sem o devido ajuizamento da ação de cobrança.
Eu entendo a preocupação da
nobre Vereadora, sem dúvida nenhuma, em defender aqueles que hoje são
inquilinos, aqueles que são fiadores, e que algumas imobiliárias, realmente,
exageram ao cobrar custas advocatícias, quando não houve ação.
Vera. Tereza Franco, a sua
assessoria não está lhe ajudando muito, pois esse tipo de projeto não pode
vingar na Casa, porque, ainda que justa e correta a sua preocupação, a Câmara
não tem condições de legislar sobre esse tipo de matéria. Digo-lhe que esse
tipo de matéria, legislado, negado, aceito, não vai somar nada para a querida
Vereadora. Ao invés de ajudar no seu trabalho, de repente, pode prejudicá-lo.
Por isso, chamo a atenção, com a amizade que lhe devoto, para que analise bem,
para que não digam que a Vereadora está indo além de suas possibilidades. A
Câmara não pode fazer e a Vereadora está apresentando Projeto de Lei. Acho que
não cabe, mas de qualquer forma, evidentemente, irá passar pelas Comissões, e a
Comissão de Justiça dirá da sua viabilidade ou não. Acho que não é uma das boas
coisas que está sendo levada ao conhecimento do Plenário para debate.
Temos também o Projeto do
Executivo que altera a Lei Complementar nº 133, que é o Estatuto do Servidor
Municipal, dando maior abrangência àquelas doenças que podem aposentar os servidores
com vencimentos integrais. É uma questão de sensibilidade do Executivo que
cumprimento, e gostaria que ele tivesse a mesma sensibilidade para com todos os
servidores, para que os servidores sãos de hoje não fiquem doentes, até por
falta de alimentação condigna. Hoje, vemos os servidores municipais com
dificuldades buscar atendimento para as suas necessidades e de seus familiares,
e os vencimentos não chegam a dar cobertura ao mínimo de suas necessidades.
A Prefeitura também não dá,
ao menos, uma oportunidade, como quando foi proposto que se pagasse o 13º
salário, ou melhor, parte dele, no mês de julho. A Prefeitura preferiu deixar
no sistema bancário rendendo juros minguados, que são muito menos do que
aqueles que os seus servidores pagam pelo seu cheque especial, cheque-forte ou
pagam para os juristas de plantão, isto é, os agiotas que circulam livremente
nos corredores da municipalidade. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra para discutir a Pauta.
Ausente. Ver. Juarez Pinheiro. Ausente. Ver. José Valdir. Ausente. Ver. João
Motta. Ausente. Ver. Isaac Ainhorn. Ausente.
O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Pauta, no dia de
hoje, estabelece e apresenta vários e significativos projetos, dentre os quais
nós temos o Projeto de Lei do Ver. João Motta, que acrescenta Seção IX, ao
Capítulo I do Título IV - da Ordem Social e Cidadania - da Lei Orgânica do
Município de Porto Alegre. Ainda, o Projeto de autoria do Ver. Fernando Záchia,
que exclui o parágrafo único do art. 15 da Lei Complementar 284, de 27 de
outubro de l992, com redação dada pela Lei Complementar nº 319, de 28 de abril
de l994, que institui o Código de Edificações de Porto Alegre e dá outras
providências. Trata objetivamente, e esclarece o espelho da Sessão, sobre a
exigência da apresentação, dentre outros documentos, de certidões negativas
para a concessão da carta de habilitação.
Quero salientar, Sr.
Presidente, que, em que pesem os outros projetos que estão na Pauta, é desse
exatamente - do Projeto de Lei proposto pelo Ver. Fernando Záchia - que nós nos
iremos ocupar mais detidamente nesta nossa análise preliminar, em função de que
nós tínhamos o compromisso de diligenciar nesse sentido, observando que, com
muito dinamismo, o Ver. Záchia se antecipou, o que nos deixa absolutamente
tranqüilos, porque ele o fez com muita eficiência e de forma muito correta.
Como muito bem ele coloca na sua Exposição de Motivos, tudo isso decorre do
disposto no art. 50 da Lei Federal de 24 de junho de 91, com a redação dada
pela Lei nº 8620, de 05 de janeiro de 93, em que passou a ser obrigatória a
apresentação do comprovante de inexistência de débito para com a seguridade
social, quando da concessão de “habite-se” por parte das prefeituras
municipais.
Para assegurar o cumprimento
da legislação federal esta Casa Legislativa promulgou a Lei Complementar Nº
319, de 28 de abril de 94, que acrescentou um parágrafo único à Lei
Complementar Nº 284, de 27 de outubro de 92, isto é, o Código de Edificações do
Município de Porto Alegre.
Verifica-se que a
participação dos municípios no combate à sonegação junto ao INSS passou a ser
de caráter informativo, isto é, através de fornecimento de relações de alvarás
e “habite-ses” concedidos. Assim sendo, entende o Ver. Záchia que não é mais
necessária a exigência da comprovação da quitação de débitos junto ao órgão da
seguridade social para a concessão da carta de habitação, conforme estabelecido
no inciso I do parágrafo único do art. 15 da Lei Complementar 319/94. Destaca
ainda o Ver. Fernando Záchia que o inciso II do parágrafo único do artigo acima
referido foi considerado inconstitucional na Ação Direta de Inconstitucionalidade
de nº 595.168368, pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Essa
declaração de inconstitucionalidade é que embasa, fundamentalmente, a proposta
do Ver. Fernando Záchia, que é muito simples. Simplesmente, propõe que se
exclua o parágrafo único do art. 15 da Lei Complementar 284, de 27.10.92, com a
redação dada pela Lei Complementar nº 319.
Fica bem claro que a
exclusão é até, Ver. Juarez Pinheiro, uma conseqüência da declaração de
inconstitucionalidade; é a adequação na legislação municipal daquilo que o mais
alto pretório gaúcho entendeu de declarar como sendo inconstitucional. Se é
inconstitucional, não cabe outro caminho senão o de providenciar o meio
adequado. Isso foi o que fez o Ver. Fernando Záchia: a adequação da legislação
vigorante com a supressão, cuja inconstitucionalidade não padece mais de
discussão, eis que a matéria transitou em julgado, em decisão do mais alto
pretório do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu ocupo aqui o tempo de discussão de
Pauta para, brevemente, fazer uma referência a um projeto que estamos
encaminhando, de Emenda à Lei Orgânica, referentemente à Lei Indígena, dando
aos Srs. Vereadores um relato de quando e do porquê chegamos a esse Projeto.
Primeiro, trata-se de um encaminhamento que foi consensualmente tirado junto a
várias entidades que, na Cidade de Porto Alegre, em nível estadual, já têm uma
longa trajetória de discussão e encaminhamento desse tema. Inclusive, parte do
próprio Ministério Público está envolvida nesse processo. Portanto, o teor
dessa Emenda foi acordado previamente com esse conjunto de entidades, algumas
governamentais e outras não-governamentais, para que se introduzisse na Lei
Orgânica da Capital do Estado no sentido de, até, extrairmos daí um valor
simbólico e uma presença simbólica na Lei Orgânica. Isso porque, como sabem V.
Exas., existem em vários municípios gaúchos situações que estão sendo
encaminhadas por entidades responsáveis, juntamente com o Governo do Estado e
com o próprio Governo Federal, no sentido de fazer com que aquilo que já está
disposto na própria Constituição Federal, em particular na Constituição do
Estado do Rio Grande do Sul, seja cumprido, que é o cumprimento de alguns
dispositivos legais que preservem os direitos dessas comunidades que se
encontram hoje, de certa forma, numa situação, numa realidade de discriminação
econômica.
O que estamos, portanto,
introduzindo na Lei Orgânica do Município? E o porquê disto?
Trata-se de introduzirmos,
num capítulo da Lei Orgânica, alguns artigos que expressem as preocupações que
essas entidades estão tendo com a valorização da cultura indígena como forma de
integrar a cultura desses cidadãos, também, à vida cultural da nossa Cidade.
Isto está expresso no art. 200, quando diz: “o Município promoverá ou
incentivará formas de valorização, proteção da cultura indígena, de suas
tradições, usos, costumes e de sua religiosidade, assegurando-lhes o direito a
sua autonomia e organização social”.
Outro aspecto que nos parece
importante de se incorporar na Lei Orgânica é uma outra especificidade dessas
comunidades, que é a saúde delas, ficando, portanto, no Município de Porto
Alegre, algum tipo de preceito que dê atenção à proteção e assistência à saúde
desses cidadãos. E também uma outra questão que foi consensualmente trabalhada
com essas entidades, que é a questão referente à cultura indígena, onde fica
garantida uma orientação, um preceito, na nossa Lei Orgânica, de que vai ser
orientada a ação, no Município de Porto Alegre, no que diz respeito a esse
aspecto, à questão da educação, um direito de que seja inserido o respeito ao
dialeto indígena das comunidades respectivas como forma de garantir métodos de
aprendizagens da língua indígena.
O Sr. João Dib: V. Exa permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu tenho uma
dúvida. No parágrafo 4º do art. 200, V. Exa diz que “ficam asseguradas às
comunidades indígenas proteção, assistência social”, etc. Quais as comunidades
indígenas? De todo o Brasil ou só de Porto Alegre?
O SR. JOÃO MOTTA: Tecnicamente, nós trabalhamos essa situação em dois níveis: o nível
oficial - aqueles indígenas que têm residências, que moram em Porto Alegre - e
outros que passam pela nossa cidade de modo transitório. Tecnicamente se
trabalha com essa situação. O que nós queremos dizer? Que tanto em uma como em
outra situação deve haver, a partir de agora, por parte do Poder Público algum
tipo de atenção para com a ação dirigida a esses cidadãos. É isso que nós
queremos dizer com esse parágrafo referido por V. Exa.
Concluo dizendo que era esse
o registro que queria fazer como forma de gravar aqui, neste Plenário, este
trabalho que está sendo feito aqui no Estado a partir da iniciativa de várias
entidades. Inclusive aqui, na Câmara de Porto Alegre, pelo menos dois
Vereadores têm dado atenção a esse tema: a Vera. Maria do Rosário e este
Vereador, que, de forma solidária, têm tentado também trabalhar esse tema com
essas entidades. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero-me referir,
entre tantos projetos importantes da Pauta, a duas proposições, uma de autoria
deste Vereador.
Em conversas com
companheiros do Tribunal de Contas, este Vereador teve ciência de que, em face
da desatualização da Lei Complementar nº 133/85, que trata do Estatuto dos
Funcionários Públicos Municipais, os servidores que infelizmente tenham
contraído o vírus da AIDS e posteriormente desenvolvido essa doença estavam
tendo problemas para conseguir a sua aposentadoria integral. O problema
devia-se ao fato de que a Constituição Federal dispõe, no capítulo referente às
aposentadorias especiais, que apenas as patologias expressamente colocadas na
lei dão a possibilidade de aposentadoria desta qualidade. O art. 176, inciso I,
letra “b”, dizia ao final, entre todas as patologias que possibilitam a
aposentadoria integral dos servidores, que outras moléstias consideradas
graves, incuráveis, poderiam também possibilitar ao servidor público municipal
aposentar-se. Aí incluía a questão da AIDS. Face a divergências do Tribunal de
Contas com entendimento de que, não portando a Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida, entre as moléstias passíveis, ao contraí-la, o funcionário pudesse
aposentar-se e receber os proventos integrais, este Vereador, no dia 30 de
setembro, apresentou uma proposta e divulgou-a, incluindo, na letra “b” do
inciso I, que o Poder Público possibilitasse aos servidores públicos municipais
que viessem a contrair essa doença - não só contrair o vírus, como desenvolver
os sintomas, como febre, a perda de suas forças - que buscassem, através de
coquetéis, através de novos tratamentos, a recuperação ou, pelo menos, suavizar
a sua vida. E o inédito, Ver. João Dib, que convoca o Ver. Sebenelo, é que, no
mesmo dia em que este Vereador ingressou com esta proposição, o Poder Executivo
também protocolou um projeto de lei, posterior ao deste Vereador, dando nova
redação ao inciso I, letra “b” do art. 176. Como o objetivo deste Vereador era
resolver esse problema, por óbvio, talvez havendo o vício da iniciativa, este
Vereador vai retirar o Projeto de Lei que havia trabalhado com tanto carinho,
porque, com a sensibilidade do Poder Executivo, que protocolou no mesmo dia,
mas no turno da tarde, quando este Vereador protocolou na parte da manhã, nós
estamos retirando apenas por este motivo.
O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. Juarez Pinheiro, acho que não importa a origem. O mérito é
fantástico e vem corrigir um problema gravíssimo na Administração Pública
brasileira, essa omissão da lei, no caso dos aidéticos, que são pessoas iguais
a nós, e qualquer um de nós, por qualquer tipo de acidente e de risco, pode
adquiri-la.
Quero cumprimentá-lo pela
nobreza e pelo mérito da proposta e, muito mais do que isso, pelo reparo e pelo
resgate que o serviço público faz com os servidores que adquiriram,
terrivelmente, esta maldição de fim de século.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Muito obrigado, Ver. Cláudio Sebenelo. Em outra
oportunidade, faremos um comentário sobre o projeto que trata da planta de
valores, porque o nosso tempo está esgotado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta. A Vera. Tereza Franco está com a palavra em
Comunicação de Líder pelo PTB.
A SRA. TEREZA FRANCO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no dia de hoje,
gostaria de registrar e abraçar aqueles que são os responsáveis, não por nossa
educação, mas por nossa instrução: os professores, estes homens e mulheres
idealistas que fazem do nosso ensino sua religião e do ensinar o seu motivo de
vida.
Por mais palavras bonitas
que possamos buscar para homenageá-los, aos nossos mestres, todas elas acabam
nos levando para um “muito obrigada”, que hoje se resume em toda nossa gratidão
para com esses incansáveis guerreiros que atravessam diariamente uma batalha
contra a ignorância, formando e informando crianças e adultos, como é o meu
caso, para enfrentarmos um futuro com sabedoria e dignidade. Que Deus abençoe e
proteja a todos os professores e ilumine, cada vez mais, essas pessoas cuja
função no mundo é esculpir em cada ser um cidadão e em cada cidadão uma extensão
da sua própria sabedoria. A todos vocês o meu reconhecimento e minha mais
profunda gratidão. Muito obrigada.
Eu gostaria que os
professores se levantassem para que eu pudesse dar um abraço a cada um deles.
(Não revisto
pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Mesa registra a presença
da Assessoria Especial do Sr. Prefeito Municipal, nosso companheiro Paulo de
Tarso Carneiro, que está aqui à disposição para esclarecimentos sobre o projeto
que vamos votar hoje, que trata da questão do Porto e de um convênio da
Prefeitura para poder administrar e influir no processo do uso daquela área tão
importante para a nossa Cidade.
Registro também a visita da
Jornalista Annette Heckrath. Ela é jornalista atualmente na “Voz da Alemanha”,
a serviço da Deutsche Welle, Rádio e TV Internacional. Ela tem uma preocupação,
que é de todos nós, de buscar algumas formas de intercâmbio, principalmente do
Sul do País, com a Alemanha. Nós sugerimos que esse intercâmbio possa existir
através de uma troca de correspondência e que, no futuro próximo, a nossa Casa
tenha, através do seu trabalho e de outros colegas jornalistas na Alemanha, uma
espécie de embaixada para que possamos desenvolver melhores relações.
Agradecemos a sua visita e, sempre que estiver no Brasil, faça o favor de
chegar a esta Casa, porque aqui há interesses mútuos para tratar.
O Ver. Carlos Garcia está
com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou falar de
segurança e, sempre que falo sobre esse tema, peço a atenção dos Vereadores
Pedro Américo Leal e Cyro Martini, que são os homens da segurança.
Sistematicamente, a cada
ano, aumenta o número de agressões na “freeway”, na área próxima a Porto
Alegre. No dia dois de outubro do mês em curso, foi publicada a seguinte
notícia: “Outro assalto na freeway”. E contava que um carro da marca fiat teve
o pneu dianteiro furado por um tiro, e a pessoa, ao tentar consertá-lo, foi
assaltada. Nos jornais de hoje há uma situação idêntica, só que ocorreu morte.
Seguidamente, ocorrem assaltos e mais assaltos naquela localidade. Por isso,
solicitamos ao 11º Batalhão da Brigada Militar um policiamento mais efetivo, principalmente porque agora está
chegando a época do verão e aumenta o fluxo naquele local. E o Ver. Pedro Américo
Leal está nos informando a respeito da morte que tivemos, no ano passado, do PM
Inácio Soares Ferrão, que fazia a pé uma patrulha na freeway. Foi morto por
dois assaltantes. E fiquei surpreso com a declaração onde as autoridades
solicitam que as pessoas devam evitar parar em local escuro e deserto como
aquele. Só que as pessoas param porque os carros são danificados. Voltamos a
insistir que, o quanto antes, a Brigada Militar, que é eficiente, sabemos, faça
um grande anúncio à população, informando dos perigos, e que, quando tiverem os
pneus furados, não parem, e ao mesmo tempo reforçar o policiamento naquele
local. E nós vamos procurar, através de fonte de jornal, HPS e junto à Brigada
Militar, fazer um levantamento do número de assaltos e de óbitos ocorridos
naquele local nos últimos anos.
Entendo que a população de
Porto Alegre não pode ficar à mercê de casos que estão se consolidando
sistematicamente no nosso Município. Solicito aos Vereadores, principalmente
àqueles ligados à área de segurança, que se empenhem e levem a sua atenção às
autoridades que teriam a competência.
Tenho certeza de que o Ver.
Pedro Américo Leal vai-se empenhar pessoalmente junto à Corporação da BM e ao
Secretário de Segurança Pública para fazer um reforço naquela área para que não
tenhamos que voltar a ocupar esta tribuna para mais uma vez notificar uma
morte. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Os Srs. Vereadores vão receber, neste momento, um livreto, conforme foi
aprovado, do Código de Ética Parlamentar. Esclarecemos que o Código de Ética
que foi editado e entregue foi editado pelo pessoal do Memorial, que já está
produzindo material de boa qualidade.
Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC. 0540/97 - VETO TOTAL AO PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/97, de autoria da Vera. Sônia
Santos, que implanta, no sistema viário do Município, faixa para o trânsito de
emergência.
Parecer - da CCJ. Relator Ver.
Nereu D’Ávila: pela rejeição do Veto Total.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da
CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA;
- adiada a discussão por uma
Sessão.
- Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
- SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;
- NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 10/97 - Veto Total. O Ver. Luiz Braz está com a
palavra para discutir.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, lembro-me de que, quando discutíamos
este Projeto, antes da sua aprovação, vim a esta tribuna e disse que talvez não
fosse o projeto ideal, mas era o projeto possível. O ideal seria que pudéssemos
ter vias com condições para se estabelecer uma faixa exclusiva para as
emergências. Como isso não é possível, como as vias que temos no Município
muitas vezes não permitem essa exclusividade, optou a Vera. Sônia Santos
exatamente por fazer com que um trecho, uma pista, uma faixa da via pública
fosse destinada, não à exclusividade, mas à prioridade para as emergências.
O Prefeito Municipal veta, e
veja, Ver. João Dib, V.Exa. que gosta muito de analisar razões de veto, veta
dizendo que isso causaria uma grande despesa para o Município. Ora, Ver. João
Dib, se marcar faixas na via pública que vão apontar prioridades causa grandes
despesas para o erário público, acredito que quem está fazendo esse cálculo
deve ter cometido algum erro ao apresentar as contas que foram analisadas pelo
Sr. Prefeito Municipal. Pode, na verdade, causar algum gasto, mas não vai
causar grandes gastos. Para se fazer a demarcação dessa faixa, Ver. Cyro
Martini, que também na oportunidade discutia a matéria, não vamos utilizar
quantidades de dinheiro que pudessem ser apontadas como um dos fatores para que
o Prefeito vetasse o Projeto.
O Prefeito poderia vetar o
Projeto, se quisesse, utilizando outros argumentos, mas não este. Este
argumento foi utilizado pelo Prefeito, que disse: “É inquestionável que um
projeto como este implicaria considerável despesa”. Esta alegação por parte do
Sr. Prefeito Municipal parece que vem destituída de todas as razões possíveis.
Qualquer Vereador, aqui nesta Casa, mesmo aquele que não tenha um conhecimento
maior do que precisaria ser feito para marcar uma faixa, que é simplesmente um
risco que será feito na faixa, sabe que não é difícil. É simplesmente um risco
que será feito na faixa. Não será nenhuma construção especial, Vereador. Não é
o caso dos corredores de ônibus, que foram feitos no governo do Dr. Villela e
tenho certeza absoluta de que foram aplaudidos por V. Exa. - aplaudidos,
também, por este Vereador. Naquele caso foi necessário fazer construções, e
essas construções implicariam despesas significativas. Agora, neste caso aqui
não. O argumento utilizado pelo Sr. Prefeito Municipal é um argumento que não
tem, na verdade, nenhuma sustentação.
Eu acredito que o que a
Vera. Sônia Santos quer, através do seu Projeto de Lei que foi aprovado por
esta Casa, é uma pintura na faixa. Eu volto a repetir: isso talvez não seja o
ideal. O ideal seria que nós pudéssemos ter faixas na Cidade, faixas exclusivas
para os casos de emergências. Mas isso é o possível para aquilo que temos,
hoje, em matéria de cidade. E se é o possível para o que temos em matéria de
cidade, eu acho que não cabe ao Sr. Prefeito Municipal, simplesmente, colocar
um veto, alegando essas razões, porque são razões inadequadas para vetar
matéria desta importância. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLL 10/97 - Veto
Total.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acabo de ser ameaçado com o Código de
Ética. Então, eu vou escolher bem as minhas palavras para que eu não seja
enquadrado.
Eu acho que incompetência é uma palavra que não agride ninguém.
Evidentemente, ninguém quer ser incompetente, mas, muitas vezes, o é. É o que
acontece com a assessoria do Prefeito de Porto Alegre, que veta o Projeto da
Vera. Sônia Santos - a Comissão de Justiça, no Parecer do Ver. Nereu D'Ávila,
foi pela derrubada do Veto, contra o meu voto -, mas veta de forma
incompetente.
O inciso III do art. 94 diz
que cabe ao Prefeito vetar. Legal e regimental, como diz o Ver. Nereu D' Ávila.
O parágrafo 1º do art. 77 diz quando o Prefeito pode vetar. Tem razão, Ver.
Luiz Braz: nunca pode vetar porque a obra é cara. Eu até, se ele dissesse que é
inviável, aceitaria, mas não posso comparar o custo de uma obra com o custo da
vida humana. Não tem sentido. Ainda que o Código de Ética tenha sido
distribuído agora e tenha sido mostrado a mim, volto a dizer: a incompetência
da assessoria do Prefeito é monumental.
O Prefeito já anunciou mais
uma viagem; a cada três dias, um dia de viagem: não dá para conhecer os
problemas da Cidade, da Prefeitura e dos vetos; não dá tempo para saber das
razões alegadas para a apresentação de um projeto de lei. Então, é preciso que
o Prefeito fique mais em Porto Alegre, conheça bem os problemas de Porto
Alegre, analise bem sua assessoria, porque, pelo amor de Deus: “Veto o referido
projeto por considerá-lo inconstitucional” - tudo bem, mas não diz por que
considerou inconstitucional. Naqueles dois artigos não está a razão. “É
inquestionável que um projeto como esse implicaria considerável despesa cuja
receita não pode ser disponibilizada pelo Município”.
Incompetência é um negócio
muito sério no trato dos problemas da Cidade!
Se o Prefeito ficar em Porto
Alegre, talvez mude alguns dos seus assessores e se dê conta do que está
ocorrendo. Em Porto Alegre tem muito para ser feito. Basta que o Prefeito cuide
dos problemas da Cidade e não viaje tanto. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PLL 10/97 -
Veto Total.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, referendando o
pronunciamento do Ver. João Dib, queremos alertar para esse Veto Total ao
Projeto de Lei 10/97, que implanta no sistema viário do Município de Porto
Alegre faixa para trânsito de emergência. O Veto é por considerá-lo
inconstitucional. Mas onde está a inconstitucionalidade?
A redação dada pelo Sr.
Prefeito diz que “é de bom alvitre que se diga que já faz parte da cultura de
nossos condutores a desocupação da faixa da esquerda quando os veículos de
emergência se aproximam, os quais são facilmente identificados, seja
visualmente, seja através de sinais sonoros”. Ora, se já existe uma cultura da
faixa de emergência, é só oficializar essa cultura. É só transformá-la em lei.
A lei tem exatamente esse espírito de oficialização da cultura. A lei é algo
que vem de baixo para cima, e não de cima para baixo. Como isso já existe, é
cristalino e é baratíssimo. Com meia-dúzia de galões de tinta teremos pintadas
em nossas artérias principais, especialmente as que enfrentam o congestionamento
do trânsito que nos infernizam tanto a vida, um lugarzinho, uma saída, uma
passagem, um corredor para as viaturas que tratam das emergências em Porto
Alegre: as ambulâncias, as viaturas do Corpo de Bombeiros, as viaturas da
Polícia, que muitas vezes necessitam, no momento de um congestionamento,
atravessar verdadeiras barreiras adredemente estruturadas pelo
congestionamento, que fazem da vida do porto-alegrense um verdadeiro inferno.
Diz o Sr. Prefeito, nas
razões do Veto, que como já faz parte da cultura dos nossos condutores, não há
por que ser feito, inclusive porque é inconstitucional. Ora, e qual o item da
Constituição, da Lei Orgânica ou Código de Postura Municipal que essa lei
agride?
Então, pergunto: primeiro, o
que é constitucional? Segundo, por ser cultural se veta? Terceiro, por ser
inteligente, um projeto bom, cheio de mérito, também deve ser vetado?
Por favor, não vou dizer as
razões pelas quais ele é vetado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação o PLL nº 10/97 - Veto Total.
O Ver. Cyro Martini está com a palavra para encaminhar.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, cumpre-nos o dever
de encaminhar esta matéria. De plano, devemos registrar o nosso respeito e a
nossa consideração pela Vera. Sônia Santos e pela sua proposta. Entretanto,
temos duas dificuldades que até podem chegar às raias quase da impossibilidade.
Temos, sob o ponto de vista
legal, a razão apontada no Veto do Sr. Prefeito, a partir do art. 167, inciso
I, da Constituição Federal. Esse dispositivo coloca prescrições acerca do
Orçamento e estabelece regras dentro da área orçamentária: propor, no sentido
de aplicar recursos financeiros do Município, fora daquilo que já está previsto
no Orçamento. Evidentemente, há alteração e, como tal, ela fere a Constituição.
De qualquer sorte, sob o ponto de vista da legislação do trânsito, temos que
ter algumas cautelas que variam do campo legal para o campo técnico. Teríamos,
de plano, essa preocupação. Quer dizer: não são razões inadequadas, como diz o
Ver. Luiz Braz, mas são razões pertinentes e adequadas de ordem jurídica.
Também não é incompetência da assessoria do Sr. Prefeito Municipal, como quer o
Ver. João Dib; e não é fantasia, ou algo semelhante, como mencionou o Ver.
Cláudio Sebenelo.
O Código de Trânsito define
acerca dessa matéria. Então, temos que buscar maneiras de encontrar soluções
para isso. E há legislação pertinente sobre a matéria, que trata sobre o
deslocamento de veículos de polícia, de emergências, veículos que demandam
prioridades no trânsito e certa liberdade no tráfego. Temos isso como certo e
sabido.
Há uma outra questão: apesar
do nosso respeito à proposta, porque ela é sã e extremamente bem-intencionada,
bem-dirigida, ela é impraticável. Ora, pensar que apenas meia-dúzia de galões
de tinta seriam suficientes para mudar é não conhecer Porto Alegre, com todo o
respeito e consideração. Meia-dúzia de latas de tinta! Só se fôssemos uma
cidade do interior, não uma cidade grande, mas do interior, e daquelas mais
humildes. Nós temos trechos largos de avenidas e de ruas que demandariam muito
mais do que meia-dúzia de galões de tinta. Então, essa é uma impraticabilidade.
Outra coisa: teríamos que
fazer um curso com a CONCEPA - que tem a concessão da “freeway” - com a
multiplicação das faixas, sem aumentar as pistas. Essa é a marca registrada, é
o direito exclusivo da concessionária da União, que, certamente, o Estado
adotará. O Município ainda não aprendeu a multiplicar faixas, mantendo-se as
mesmas pistas. Pista é uma coisa, faixas são divisões interiores das pistas.
Essa multiplicação nós não aprendemos, nem por aconselhamento ou por qualquer
luz superior que possamos ter.
Não é propósito nosso querer
diminuir a proposta, mas ela é inviável sob o ponto de vista
econômico-financeiro. Não há como aplicá-la. Pensar que a Cidade se restringe
apenas à Avenida Ipiranga... Talvez ainda fosse possível essa multiplicação,
mas na Bento, na Cristóvão Colombo, de que maneira? Como? Então, encaminhamos
contrariamente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que a política
faz com os homens! Repito: o que a política faz com os homens!
O ex-Diretor do Departamento
do Trânsito desta Cidade comparece à tribuna no Plenário deste Legislativo para
desestimular. Se tivéssemos recuado alguns anos e algum Vereador, lá pela
década de 70, levasse ao Diretor do Detran uma idéia de sinalização das pistas
de emergência, eu não tenho dúvidas de que o ex-Diretor do Detran viria a esta
Casa fazer “lobby” em defesa de um projeto que consagraria um princípio de
trânsito na Cidade. É verdade! O que a política faz com os homens! Sustentar
aquilo que eles não acreditam, muitas vezes, em nome da lealdade e da
disciplina partidária! É verdade, Ver. Cyro Martini! Tenho certeza de que V.
Exa., um ilustre homem, dos mais gabaritados e qualificados na área do trânsito
no País, com curso e formação excepcional, tem que vir à tribuna contestar este
projeto educativo e com um propósito importante para a Cidade.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, vamos segurar o seu tempo para um pedido de
Questão de Ordem do Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTINI (Questão de Ordem): No sentido de alertar - se
eu posso - essa Presidência de que o nobre Vereador não está se reportando ao
objeto que está sendo examinado. Ele está tratando de uma pessoa que exerceu um
cargo, o que não diz respeito à matéria em discussão.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa entende, recolhe a sua Questão de Ordem e mostra preocupação ao
Ver. Isaac Ainhorn, que, seguramente, vai levar em consideração.
O SR. ISAAC AINHORN: Ah, o que a política faz com os homens, Sr.
Presidente, e está fazendo, neste momento, com V.Exa! É por isso, Ver. Pedro
Américo Leal, que lá fora o povo se desilude da política, por manifestações
como essas, em que a habilidade do Presidente teve que chegar ao ponto de dizer
que este Vereador não estava se cingindo ao assunto do tema, quando estava
dizendo que o ex-Diretor do Detran, se viesse a esta Casa e tivesse
conhecimento de que havia um Vereador que dizia que tomava a iniciativa de
implantar áreas de trânsito de emergência no sistema viário, viria fazer
“lobby” nesta Casa. E eu não estou falando sobre o Projeto! Do que eu estou
falando? Ora, Sr. Presidente, eu estou falando do ex-Diretor do Detran, que tem
o meu maior respeito e admiração e que, por força da política, tem que vir
aqui, de forma disciplinada em matéria de trânsito - ele é o homem preparado
nessa área -, falar em nome do Governo, dizendo que tem que manter o Veto a um
projeto que implanta áreas de emergência para uso das ambulâncias, criando-se
uma faixa de emergência, sob o argumento - vejam só! - de que vai gerar despesas,
não apenas de meia-dúzia de galões de tinta.
Eu gastaria, Vereador, e
tenho certeza que lá no seu íntimo e nas suas convicções pessoais V. Exa.
também gastaria, toda a tinta do País para salvar uma vida humana. Pinte-se
toda a Cidade. Ver. Eliseu Sabino, V. Exa. sabe que quem salva uma vida salva a
humanidade. Isso está escrito nas Sagradas Escrituras. E se salvarmos, pintando
toda a Cidade, uma única vida, já fez sentido o Projeto e a derrubada do Veto
ao Projeto desta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa sente-se na obrigação de esclarecer ao Ver. Isaac que não quis
tumultuar e discutir com S. Exa. Entretanto, tenta transmitir, da melhor forma
possível, a preocupação de um outro Vereador que considerava, de uma forma
regimental, que o tema não estava sendo debatido. Mas não vamos levar essa
questão adiante. Consideramos que a palavra está à disposição, para
encaminhamento, da Vereadora autora do Projeto, Sônia Santos.
A Vera. Sônia Santos está
com a palavra para encaminhar.
A SRA. SÔNIA SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, subo a esta
tribuna para fazer o encaminhamento do Projeto em questão.
Mário Quintana diz, com
muita sabedoria, que “triste não é morrer; triste é deixar de viver”. Uma
pessoa que está viva raciocina, luta, tem um entendimento amplo; uma pessoa que
deixou de viver é uma pessoa que desistiu de todas essas ações, de todas essas
atitudes. Infelizmente, a atitude do Prefeito em vetar o Projeto foi a atitude
de quem deixou de viver, de quem esteja, talvez, impedindo que outros vivam. E
isso, sim, é triste. Por isso, se nós derrubarmos hoje o Veto ao Projeto, nós
estaremos propiciando que muitas pessoas tenham uma vida melhor e que, com
certeza, muitas vidas sejam salvas. E assim poderemos fazer valer aquilo que
Mário Quintana disse. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Após a chamada.) APROVADO
o PLL nº 10/97 por 20 SIM, 11 NÃO, 01 ABSTENÇÃO. Rejeitado, portanto, o Veto a ele aposto.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2285/95 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 063/95, que autoriza o Município de
Porto Alegre a alienar próprio municipal a proprietário lindeiro. Com Emenda nº 01.
Pareceres
- da
CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da
CEFOR. Relator Ver. Luiz Braz: pela
aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto e da
Emenda nº 01;
- da CECE. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto e da
Emenda nº 01.
Observação:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da
CMPA - Art. 82, § 1º, VIII, da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE 63/95. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação.
O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero fazer
uma intervenção extremamente rápida apenas para sugerir ao Plenário que a
Emenda nº 01 seja aprovada. Eu fui relator deste Projeto de Lei na Comissão de
Constituição e Justiça. Havia uma série de laudos relativamente ao valor e o
Ver. Luiz Braz, de forma atenta, cumprindo seu papel de legislador, chamou-me a
atenção da diferenciação e da existência do último valor. Queremos, então,
homenagear o Ver. Luiz Braz pela sua atenção costumeira e sugerir a aprovação
do Projeto e da Emenda. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o PLE 63/95.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ainda que paire sobre este Vereador
a ameaça do Código de Ética, é preciso que também se tenha ótica, e aí as
coisas dão certo. Eu votarei contrariamente a este Projeto de Lei, apesar da
Emenda do nobre Ver. Luiz Braz.
Nesse Projeto de Lei que
veio para esta Casa, eu me senti ofendido e não apliquei o Código de Ética. Ele
veio vendendo 30 metros quadrados de área na Sertório, o que possibilitaria um
terreno ficar com duas frentes, uma para a Sertório, que não tinha, e outra
para a rua, se não me engano, Nicolau Eli. Era 24 reais o metro quadrado, e eu
achei pouco. Aí, fiz um discurso veemente dentro da ótica do problema, com toda
ética. O Projeto foi retirado e voltou. Aqui diz que o terreno estava avaliado
em 769 reais e voltou avaliado em dois mil, 396 reais. Não chegou a 100 reais o
metro quadrado, quando em qualquer esquina desta Cidade eles colocam 270, 250.
Um dia eu mostrei um terreno na esquina da Silva Jardim com a Pedro Ivo, porque
era de um prócer do PPB; era de 245. Desta forma, a Emenda do ilustre Ver. Luiz
Braz eleva o valor do metro quadrado para, mais ou menos, 100 reais.
Então, como não dou de
presente o que não é meu, eu não vou presentear a pessoa que o Executivo deseja
beneficiar. Eu tenho a tristeza de ter lido no Projeto de Lei que foi encaminhado
a esta Casa, do qual pedi que fossem retiradas as páginas, o qual baixei em
diligência, do qual pedi que o Prefeito confirmasse o que estava assinado e
afirmado... Mas tudo bem; está beneficiando alguém a 100 reais o metro
quadrado, que passa a ter frente para a Sertório. Ora, a Sertório tem um valor
bem diferente da rua que lhe é paralela, nos fundos desse terreno.
De qualquer forma, o meu
voto é contrário, com toda a ótica através da qual analisei este problema.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o PLE 63/95.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou encaminhando por causa da
intervenção do Ver. João Dib, que acompanhou esse processo desde o início. Foi
através do Ver. João Dib que esse processo voltou em diligência para o
Executivo para corrigir os dados primeiros que haviam sido enviados para esta
Casa. O que este Vereador fez não foi fazer um cotejo das avaliações; foi só
feita uma correção da conta que havia sido feita pelo Executivo.
O resultado apresentado
nesta Casa e colocado no Projeto estava errado. Foi feita somente uma correção
na operação. O que V. Exa. aponta em relação a esse Projeto eu não poderia nem
concordar, nem discordar - é o problema do valor do metro quadrado. Eu não
tenho um dado para cotejar àquele apresentado pelo Executivo para saber se o
valor do metro quadrado apresentado para esse terreno é um valor justo ou
injusto. A nossa Emenda não teve essa intenção; ela só teve a intenção de
corrigir o resultado de uma das operações apresentado de forma equivocada.
Houve uma nova avaliação.
Diante das afirmações do
Ver. João Dib, eu solicito à Liderança do PT desta Casa o adiamento desta
votação por uma Sessão apenas, para que pudéssemos votar o Projeto com total
segurança. Esse adiamento seria para tirarmos todas as dúvidas possíveis com
relação à avaliação referente a esse terreno. Naquilo que verificamos dentro do
processo, nós acreditávamos, até o presente instante, que o valor que estávamos
avaliando era um valor justo, mas o Ver. João Dib está dizendo que o valor do
metro quadrado é um valor aquém daquele que poderia ser avaliado para um
terreno com a mesma localização.
O mais correto seria que
pudéssemos adiar esta votação, porque nenhum Vereador desta Casa, seja da
situação ou da oposição, gostaria de votar uma matéria através da qual vamos
alienar uma área do Município aquém do seu valor real. O mais correto seria que
pudéssemos, sem prejuízo do Município, ou da parte que vai adquirir essa nesga,
fazer esse adiamento por uma Sessão, a fim de que pudéssemos ter certeza com
relação à matéria que estamos votando. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa a V. Exa., Ver. Luiz Braz, e aos demais Vereadores que o
adiamento é impossível depois de iniciado o processo de encaminhamento de
votação, conforme prevê o art. 174 do Regimento. Nesse sentido, não há
possibilidade de adiar. A instrumentalização do processo deu-se nos mesmos
moldes de outros que foram votados recentemente.
O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra para encaminhar o PLE 63/95.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, discute-se a
autorização do Município de Porto Alegre para alienar próprio municipal a
proprietário lindeiro. Esse Projeto se encontra na Casa desde outubro de 1995 e
tem merecido polêmicas que têm retardado o seu exame. A última manifestação que
sobre o mesmo eu tive a oportunidade de fazer deu-se na Comissão de
Constituição e Justiça, quando o Ver. Juarez Pinheiro deu o seu parecer
favorável, e tivemos a oportunidade de acompanhá-lo, votando a favor. Por que o
fizemos? Porque, sob o ponto de vista legal, esse Projeto não merece nenhum
tipo de restrição, pois já havia sido objeto de decisões semelhantes proferidas
pela Comissão de Justiça na legislatura anterior. Aliás, há uma discussão a
respeito do laudo de avaliação, mas esse novo laudo que ocorreu em 30 de agosto
de 95 já foi decorrência de uma solicitação da Câmara de Vereadores em
diligência por aqui realizada, que mereceu as providências feitas. Havia sido
feita uma avaliação anterior que foi julgada insatisfatória e, dado o
requerimento da Câmara, houve essa alteração na nova avaliação.
Esse Projeto permite algumas
divagações em função da circunstância de que é uma pequena nesga de terra que
vai valorizar o imóvel do proprietário lindeiro, mas que, se não vendida ao
proprietário lindeiro, vai ficar numa situação de mais absoluta inutilidade
porque essa área só pode ser aproveitada por esse cidadão, não há oportunidade
de ser aproveitada por outro. E o instituto da investidura foi estabelecido, na
legislação brasileira, exatamente para contemplar essa situação. Então, não há
de se pensar que eventualmente a decisão proveniente da investidura venha a
beneficiar o lindeiro. Não há de se pensar que se fez um instituto no Direito
brasileiro para prejudicar os eventuais objetos de projetos e de decisões
legais nesse sentido. Não sou economista ou engenheiro, não posso impugnar a
avaliação feita pelo Município, que foi realizada, a meu juízo, com critérios
corretos, em que pese qualquer avaliação de imóvel ter aspectos subjetivos que
jamais poderão ser considerados em uma avaliação. Vale, com relação a preço de
imóvel, aquela opinião de que o imóvel vale tanto, quando queremos comprar, e
vale menos, quando queremos vender. É uma questão de como cada um valoriza
determinado objeto. Quando alguém propõe a compra de um imóvel nosso, nós o
oferecemos por um preço que, normalmente, é maior do que o preço de mercado, e
quando nós queremos vender algum imóvel, para atrair o comprador, nós propomos
um preço abaixo do mercado. Isso é uma regra universal da compra e venda que
não está escrita em livro algum, mas, na prática, é isso que acontece.
Não podemos ficar mantendo
essas situações que são ruins para o Executivo. Temos que regularizar todas
essas situações e não podemos ficar com o temor de estar ensejando um bom
negócio para um contribuinte. Aliás, esta Câmara deveria ter preocupação apenas
quando a sua decisão criasse prejuízo para o contribuinte. Se o contribuinte
quer indenizar o Município em função de uma situação que ele não criou e da
qual é vítima porque a abertura da rua não foi determinada por ele, foram as
necessidades do Município que assim determinaram, e se, tecnicamente, os
avaliadores, com a responsabilidade da função deles, determinam que o valor tem
que ser esse, não seremos nós, que somos leigos na matéria, que vamos dizer que
não é esse o valor. Se isso está beneficiando a pessoa, graças a Deus! Pior se
ela estivesse prejudicando a pessoa, porque eu não estou aqui para prejudicar
ninguém. Estou aqui para fazer as coisas dentro da lei, dentro da normalidade
e, se possível, na defesa do interesse coletivo e quando não, até mesmo, do
interesse individual. Afinal, os contribuintes merecem a nossa atenção, o nosso
respeito e, sobretudo, a nossa consideração. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal o PLE nº 63/95, por solicitação do Ver. João Dib.
(Após a chamada.) APROVADO por 25
votos SIM e 01 voto NÃO.
Declaração de Voto do Ver.
João Dib: (Lê.)
“Votei contrariamente, eis
que a Prefeitura está vendendo por menos do que propõe para o valor venal do
metro quadrado na Sertório, R$ 125,70.”
A Mesa cumprimenta o Engenheiro
Dênis Silveira, que é Secretário de Obras da Prefeitura de Garibaldi, em
visita.
Em votação a Emenda nº 01 ao
PLE nº 63/95. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2513/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 155/96, de autoria do Ver. Jocelin
Azambuja, que institui a “Semana do Menino Deus” no Município de Porto Alegre e
dá outras providências. Com Emenda nº
01.
Pareceres
- da
CCJ. Relator Ver. Nereu D’Ávila: pela
aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da
CEFOR. Relator Ver. João Carlos
Nedel: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto e da
Emenda nº 01;
da CECE. Relator Ver.
Décio Schauren: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.
Observação:
- adiada a discussão por uma Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL 155/96. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estamos discutindo
um Projeto de Lei do Ver. Jocelin Azambuja ainda do ano de 1996, que institui a
Semana do Bairro Menino Deus.
Eu sei que existem algumas
restrições a esse fato. Entende-se que esse procedimento não é adequado por
parte da Câmara Municipal. Divirjo desta opinião até porque tentei oficializar,
aqui na Casa, tendo sido voto vencido, a Semana da Restinga, que acabou sendo
oficializada por um projeto do ilustre Ver. João Verle, no exercício do
mandato. Agora se trata da comunidade do Bairro Menino Deus, que o Ver. Jocelin
Azambuja, penso que autorizado por ela, busca promover esta oficialização e o
faz no momento em que a comunidade do Menino Deus se encontra mobilizada,
motivada e, sobretudo, engajada numa luta no sentido de obstar a construção do
parque de eventos do Município na localidade onde, extra-oficialmente, foi
anunciada pelo Município.
Sr. Presidente, é evidente
que essa posição da comunidade do Menino Deus nesse assunto “parque de eventos”
gera controvérsia na medida em que existem pessoas que querem,
desesperadamente, a construção do parque de eventos e entendem que em qualquer
lugar da Cidade ele precisa ser construído, a qualquer momento e independente
de qualquer circunstância. Eu, pessoalmente, sou favorável à construção da pista
de eventos e, na ocasião, como integrante de uma comissão da Casa, votei a
favor de uma proposta única que existe no Legislativo no sentido da
localização, proposta esta que, majoritariamente, foi acolhida por uma comissão
que, por 90 dias, estudou a matéria e recomenda a construção na Avenida Augusto
de Carvalho, onde, tradicionalmente, se realizam as festas momescas.
Mas não é isso que se
discute no momento. O que se discute é se deve ou não a Casa votar
favoravelmente ao Projeto de Lei do Legislativo da lavra do Ver. Jocelin
Azambuja, que tem como finalidade, exatamente, a oficialização da Semana do
Menino Deus na data por ele estabelecida no Projeto.
A oficialização da Semana do
Menino Deus é uma coisa que ninguém, nesta Casa, tem o direito de não fazer,
desde que isso não contrarie a disposição da comunidade, que teve suficiente
tempo para se manifestar contrária à data proposta, se é que contrariedade
existia. Como houve um silêncio nesse sentido e como o Ver. Jocelin Azambuja é
morador do Bairro Menino Deus, está envolvido com a comunidade do Menino Deus
em vários assuntos, penso que ele tenha a concordância da comunidade com
relação à data que ele está propondo como oficialização.
Por esta razão, Sr.
Presidente, por coerência, inclusive, com posições assumidas em outras matérias
semelhantes, anuncio que não vejo nenhuma ilegalidade, nenhuma contrariedade ao
interesse público, não vejo nenhuma razão que me determine posição em
contrário. Vou votar favoravelmente ao Projeto de Lei do Ver. Jocelin Azambuja
para que se oficialize a Semana do Menino Deus no período por ele proposto e na
sensação, sobretudo na crença, de que inexiste, por parte da comunidade, nada
em contrário; pelo contrário, tudo a favor, eis que a população teve dois anos
para se manifestar sobre este assunto. Se não o fez em contrário, consentiu,
porque quem cala consente. Se é do consentimento da comunidade, não há razão
nenhuma para que o Legislativo de Porto Alegre não oficialize por lei a Semana
do Bairro Menino Deus. Era isso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PLL 155/96.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Bairro Menino
Deus era uma aldeia surrealista lá pelos idos de 1950, onde todas as pessoas se
conheciam, se visitavam, se freqüentavam. A maioria dos seus habitantes torcia
enlouquecida por um time de futebol que ficava no quarteirão entre as Ruas
Barão do Guaíba, Silveiro, Campos Cartier e Barão do Cerro Largo. Chamava-se,
naquela época, Sport Club Internacional. Era uma loucura matar a aula para ver
as estrelas do Inter, e o vento do inverno, meu caríssimo Pedro Américo Leal,
arrastava-nos até a beira do rio e ali pescávamos mandinhos que, em
tupi-guarani, quer dizer peixinhos, lambaris, caras, caras-cartolas. Vínhamos à
noite para a Praça do Menino Deus, dos meus velhos tempos de Menino Deus, onde
nós, gurizada saudável, e hoje todos senhores idosos e de grande
responsabilidade na sociedade de Porto Alegre, fazíamos daquele bairro, daquela
imensa Av. Getúlio Vargas e seus coqueiros imortais, do cinema Marrocos, onde
todos, à noite, reuniam-se para discutir, toda a intelectualidade daquela
época, onde a Nouvelle Vague e os beatniks nos levavam a raciocínios muito mais
inteligentes e muito mais competentes que as épocas anteriores à pré-guerra...
Indiscutivelmente temos hoje
um Menino Deus que guarda muito desta época surrealista. O Menino Deus também
teve seus grandes desastres, que foi no fim da Av. Getúlio Vargas, onde se
localizava uma igreja de estilo gótico, de um desenho e de um bom gosto
artístico e que mostrava que havia ali uma população que tinha seus
misticismos, suas crenças e sua fé. E, com esses encantos todos, eu convivi
lado a lado e, principalmente, com o desastre maior, quando desabou uma
hidráulica inteira e parecia que o rio Amazonas, caudaloso, tinha passado pela
Barão do Guaíba e levado os automóveis até a Av. Praia de Belas. É indiscutível
que nos grandes acidentes do Menino Deus houve um com um número muito grande de
mortes; uma granada estourou dentro do Quartel do CPOR, durante uma instrução.
Então, se às vezes éramos manchetes por desgraças e por acidentes,
indiscutivelmente éramos, também, manchete no esporte. Para nós as noites
indormidas na Praça do Menino Deus deixavam de ser noites indormidas para serem
noites de sonhos, sonhos acordados, que até hoje faz com que o Ver. Jocelin
Azambuja tenha toda a razão de criar a Semana do Menino Deus. Acho que as 52
semanas por ano deveriam ser as Semanas do Menino Deus. Se não dá para todas,
pelo menos uma delas, neste bairro fantástico, neste bairro alegre, neste
bairro aldeia, onde todos se conheciam. Nós éramos felizes e não sabíamos!
O Sr. Gerson Almeida: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Várias pessoas que conhecem Porto Alegre e o Bairro, à época, querem lembrar
que lá existia o Clube Nacional, vulgo Ferrinho.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir o PLL 155/96.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta proposta nos
traz a oportunidade de lembrar de cada canto de Porto Alegre e da sua
significação histórica, cultural, populacional, como é o caso do Bairro Menino
Deus. Se o Ver. Jocelin Azambuja traz sua proposta no sentido de promover o
bairro onde ele reside, pelo qual ele demonstra claro apreço, devemos respeitar
e ir mais longe, dizendo que não apenas o Menino Deus, mas outros bairros que
já têm as suas comemorações deveriam ser lembrados nas suas datas, promovê-las
e, de algum modo, lembrar do sentimento de carinho e apreço que muitos têm por
cada um dos respectivos bairros de Porto Alegre.
Quero fazer um registro
referente à lembrança do Ver. Cláudio Sebenelo no tocante ao nosso querido
clube da camiseta encarnada, que hoje já não é encarnada, é um vermelho
diferente do nosso encarnado de 1950, quando começou o segundo rolo compressor.
Nós tínhamos aquela pedra no caminho, que era o Nacional Atlético Clube, o Ferrinho,
que foi o instituidor nacional do ferrolho. O Internacional não conseguia fazer
um gol no Nacional. Ele fechava a defesa e não tinha como fazer gol, mas depois
nós levamos todo o time deles e criamos o segundo rolo compressor com o
Florindo, com o Bodinho, o La Paz, o Camargo e outros jogadores.
Dia 26 de outubro é a data
em que se assinala a tomada de posse do terreno onde se instalou o Arraial do
Partenon, nos altos da chácara de José Fernandes dos Santos Pereira Júnior, lá
em cima onde hoje está instalada a Igreja Santo Antônio. Por isso eu sempre
insisto que a Igreja de Santo Antônio é do Partenon, como a própria denominação
diz. Ali, em cima daquele morro, naqueles altos, Caldre Fião, chefiando a
Comissão, tinha incumbência de criar o Arraial do Partenon, tomar posse no dia
26 de outubro de 1926 daquelas terras, junto com Aquiles Porto Alegre e Lúcio
Porto Alegre, que era irmão do Apolinário e do Apeles. Foram lá, tomaram posse
e entregaram para Firmino Antônio de Araújo, presidente efetivo da Sociedade
Partenon Literário, a planta do arraial. Ali está o coração do arraial.
O Ver. Jocelin Azambuja
lembra e procura destacar o Bairro do Menino Deus, o seu bairro, digno de todo
respeito e consideração. Nós também devemos fazer assim com relação àqueles
bairros que, se não são a terra do nosso nascimento, são, sem dúvida, a terra
do nosso coração. Por isso é que a gente sempre lembra o velho Partenon, o
Partenon na sua origem, lá nos altos do morro, onde só depois da instalação do
arraial é que se construiu a Igreja Santo Antônio do Partenon. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. José Valdir está com a palavra para
discutir o PLL 155/96.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, apenas para deixar registrado que não
só vou votar a favor desse Projeto do Ver. Jocelin Azambuja, como, talvez
muitos não saibam, tenho parte da minha vida ligada ao Bairro Menino Deus.
Minha primeira moradia em Porto Alegre, depois que constituí família, foi nesse
bairro. Morei lá de 1977 a 1982. Tenho ainda um apartamento naquele local, onde
vivi, sem dúvida, os anos mais felizes da minha vida. A minha primeira filha
nasceu no Menino Deus, lá freqüentou a pré-escola e, portanto, tenho grande
parte da minha vida ligada a esse bairro.
Acho que o Projeto do Ver.
Jocelin Azambuja, criando a Semana do Menino Deus, é oportuno e importante para
o bairro. Vou votar a favor com toda a convicção. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação o PLL 155/96. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
Em votação a Emenda nº 01.
Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA a Emenda nº 01 ao PLL 155/96.
A Mesa apregoa o PR 32/97,
Proc. 3176/97.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1229/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 011/97, que autoriza o Poder
Executivo Municipal a celebrar convênio para a administração e exploração do
serviço do porto de Porto Alegre e dá outras providências.
Pareceres - da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela aprovação do
Projeto;
- da
CEFOR. Relator Ver. Pedro Ruas: pela
aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Antônio Losada: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação do Projeto;
- da CEDECONDH. Relator Vera. Maria do Rosário: pela aprovação do Projeto.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em discussão o PLE 11/97. Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn para discutir.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, tive a oportunidade de participar
do momento em que S. Exa. o Prefeito Municipal de Porto Alegre comparecia a
esta Casa para fazer entrega deste Projeto de Lei.
Na realidade, o pleito do Município de Porto Alegre de administrar
o porto da Cidade de Porto Alegre, bem como explorá-lo, talvez seja o caminho
para que o porto de Porto Alegre, na sua plenitude, venha a recuperar e
resgatar o espaço da Cidade de Porto Alegre. O porto de uma cidade como Porto
Alegre diz tudo, em termos do perfil da cidade portuária e que tem a beleza
desse rio, e indiscutivelmente quero dizer a V. Exa. que tinha, e tenho, um
enorme respeito ao Prefeito, mas uma grande divergência em relação ao muro,
embora considere o Prefeito à época do muro um dos maiores prefeitos que a
Cidade já teve, apesar de não ter sido ungido pelas urnas, que é o melhor
método de se chegar a um cargo de representação popular. Mas os tempos eram
outros. Entendam-se os mecanismos das suas épocas, porque o princípio que
norteia este momento é indiscutivelmente o princípio da anistia. Anistia provém
da palavra amnésia, esquecimento. Esquecemos aquilo, mas registramos a
importância técnica daquele prefeito. Mas, ao nosso ver, separou-se a Cidade do
nosso rio. O Prefeito Alceu Collares, com a construção da Av. Edvaldo Pereira
Paiva, iniciou o processo de reencontro da Cidade com o seu rio. É
indiscutível. E àqueles que ainda hoje, inclusive do meu partido, pretendem a
derrubada do muro, eu lembro que é uma visão equivocada, e hoje temos um
divisor físico que domina mais de 2/3 daquela área e que, se o muro fosse
retirado, não resolveria nada porque temos o trem suburbano sobre superfície.
Aquela é uma área, Ver.
Pedro Américo, que tem uma divisão, mas assim mesmo existem hoje fórmulas
arquitetônicas, urbanísticas, que podem recuperar aquele espaço para a Cidade.
É inegável o esforço que o Governo atual vem fazendo no sentido de devolver
aquela área para a Cidade de Porto Alegre. E quando o Prefeito da Cidade avoca
ao Município de Porto Alegre a administração daquela área, nós só temos que
aplaudir. Aí, Vereador, prevalece aquilo de quem faz oposição nesta Casa, mas
que, sem conchavos, sem acordos, vota de forma independe e transparente os
projetos de interesse da Cidade. Este é um projeto que indiscutivelmente, ao
meu juízo, é do maior interesse da Cidade. Tanto mais poderes trouxermos para
Porto Alegre e que venham a beneficiar quem quer que seja política e
eleitoralmente, nós estamos dispostos a aprovar e prestigiar essas iniciativas.
É por isso que, quando o Prefeito encaminhou este Projeto, eu já tinha
manifestado uma posição totalmente favorável a essa autorização legislativa
necessária para autorizar o Executivo a celebrar o convênio.
Antes que o próximo orador
inscrito assuma, eu encerro manifestando a minha posição favorável e aplaudindo
a iniciativa do Prefeito Raul Pont. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLE 11/97.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, com diria o poeta José Valdir:
“Difícil é construir o simples”. Tão difícil, que ninguém mudou o “Parabéns a
Você”. Mas o Prefeito de Porto Alegre parece não ser simples.
No dia em que ele trouxe a
esta Casa este Projeto que quase fui envolvido no meu voto. Eu disse a ele que
ele viajava para Brasília perdendo a oportunidade, já que o convênio havia sido
firmado entre o Governo do Estado e o Governo Federal - o Ministério dos
Transportes. E, antes disso, eu alertava desta tribuna que não se poderia buscar
assinar um convênio sem que esta Câmara falasse. O Prefeito não quis o apoio
político da Câmara Municipal, que lhe daria força e consistência; ele não
tinha, ele pensou que resolveria sozinho. Então, ele embarcou para Brasília, na
“Prefeitura Tur”, sabendo que já havia sido assinado o convênio, lá em
Brasília, entre o Estado e o Ministério dos Transportes.
Então, não há o que dar para
o Prefeito. Ele vai fazer o convênio com quem? O convênio foi assinado entre o
Governo do Estado - DPREC - e o Ministério dos Transportes. E agora ele vai
fazer convênio com quem? Parece que até o ano 2.027.
Quando eu dizia desta
tribuna que ele tinha que buscar o apoio e a solidariedade desta Casa, ele
continuava fazendo o seu discurso por aí afora. Quando ele perdeu, que foi
assinado, ele trouxe o Projeto de Lei para assinar o convênio. Mas convênio com
quem? Não está dito aí!
Eu acho que é bom ser
simples, faz muito bem ser simples, e o Prefeito parece não entender de
simplicidade. Acho que ele perdeu uma oportunidade de resolver o problema.
Pensei, quando o Ver. Renato Guimarães me falou, que se tratava daquele projeto
trazido a esta Casa pelo Secretário dos Transportes, na oportunidade, Dr.
Guilherme Socias Villela, mas não era este. A este eu dou a minha inteira
solidariedade. E aí a Prefeitura não quer. Agora, o Projeto de fazer convênio,
só não diz com quem. O Ministério dos Transportes já assinou; até o ano 2.027 é
do Estado, é do DPREC. Então, eu não sei com quem a Prefeitura quer fazer
convênio e, se eu não sei, eu voto contrariamente ao convênio. Saúde e paz.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLE 11/97.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na verdade, quase
ao apagar das luzes desta Sessão, estamos tratando de um dos projetos que eu
reputo de mais alta significação e importância na atual legislatura. Como o
próprio nome diz, a Cidade está incondicionalmente ligada ao porto e ao rio. As
condições de desenvolvimento urbano da Cidade estiveram e estão vinculadas a
esse equipamento urbano que é o porto, o maior do Brasil, considerada a
navegação interior. As modificações produzidas pelos fatores de conjuntura que
periodicamente recompõem o uso e modificação dos equipamentos estão a desafiar,
no sentido de não se perder o que já foi acumulado, material, cultural e
economicamente. A Cidade já teve perdas quanto a equipamentos urbanos que foram
desativados sem uma política para a sua substituição, sem que tivesse sido criada
uma alternativa complementadora dos mesmos, por exemplo, a desativação do
sistema de transporte coletivo sobre o trilho, os bondes.
Srs. Vereadores, não é por
demais rememorarmos aqui alguns aspectos do porto de Porto Alegre, um dos
maiores do País, considerada a navegação interior. O porto de Porto Alegre é
constituído, basicamente, de quatro setores: Mauá ao Setor das Docas, que vai
do Mercado até a Rodoviária; o Cais Navegantes e o Cais Marcílio Dias, numa
extensão de aproximadamente oito mil metros e com uma retroárea de 300 mil
metros quadrados. É um “Senhor Porto”, Srs. Vereadores, nesta Cidade.
Já temos algumas
experiências de municipalização de portos, como é o caso da Cidade de Itajaí,
onde trabalhadores, armadores, empresários e o Município, administrando aquele
porto, fazendo com que o Município não coloque um centavo na administração,
apenas uma boa administração, uma administração vigilante, próxima, que resolve
os conflitos entre os trabalhadores, os usuários, empresários, armadores que fazem
com que o porto adquira a sua posição.
Nós temos claro, decorrente
de uma política dos transportes, a partir da década de 70, que desativou o
transporte ferroviário e marítimo, o desprestígio a que foi levado também o
porto de Porto Alegre, a falta de investimentos. É muito clara essa análise do
Prefeito na justificativa do Projeto por esse reconhecimento, mostrando sua
sapiência em relação ao que ocorre. Diz aqui o Governo Municipal ter a certeza,
integrante que é do Conselho de Administração Portuária, da necessidade de
investimentos que viabilizem o porto e incrementem a atividade econômica.
Desnecessário tecer maiores esclarecimentos acerca de suas atuais condições
operativas. Apesar disso, o nosso porto continua desempenhando um papel
importantíssimo na economia da Cidade, na relação de empregos, tendo em vista
que se constitui em um terminal hidroviário da maior importância não só para a
Região Metropolitana, mas para todo o Estado. Ao longo dessa hidrovia, ao longo
da Lagoa dos Patos até a Cidade de Rio Grande, são milhares de pessoas que se
beneficiariam de uma atuação do porto de Porto Alegre. Atento a isso e
impossibilitado pela Lei Federal nº 9277, que permite que os portos sejam
administrados pelos estados e municípios de forma compartilhada, é que o
Município, que o Governo desta Cidade encaminha esse Projeto que por certo será
aprovado pelos Srs. Vereadores.
Fique tranqüilo, Ver.
Reginaldo Pujol, porque não estamos aqui contra o Projeto Porto dos Casais.
Apenas há um entendimento desse Conselho de Administração Portuária de que não
é possível que se abra mão do cais maior, que é o único que possui guindaste e
armazéns para receber as mais diversas cargas que chegam ao porto, e que seja
desativado antes de que um seu substituto seja eleito pelo Poder Público.
Srs. Vereadores, estamos
votando um projeto que dá “status” para a Cidade, estamos resgatando a história
da Cidade. Estamos de novo buscando relançar o porto de Porto Alegre para o
patamar econômico e social que já obteve em outras épocas. Nós conclamamos pela
aprovação, que, por certo, ocorrerá neste final de tarde. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLE 11/97.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos numa tarde
hoje altamente propícia a devaneios poéticos. A expectativa que todos nós
vivenciamos do lançamento do livro do Ver. José Valdir nos deixa nessa
expectativa altamente favorável e predispostos à poesia. Quero dizer que estamos
diante de duas formas poéticas: uma expressa na obra do Ver.José Valdir; outra
na proposição que estamos votando. Só que a proposição, se tem valor poético,
não tem base legal, porque estamos sendo chamados a votar um Projeto de Lei que
pede autorização para que o Município celebre um convênio com quem eu não sei,
e desconheço os termos em que será celebrado esse convênio.
Fala-se na Lei Orgânica do
Município. A Lei Orgânica do Município, no artigo citado na Exposição de
Motivos, determina a obrigatoriedade de que se remeta para a Câmara os
contratos a serem celebrados. No caso, estamos decidindo sobre uma intenção do
Município celebrar um convênio com o Estado do Rio Grande do Sul sobre uma
matéria que eu acredito que esteja já decidida. O Governo Federal, usando suas
prerrogativas, delegou ao Estado do Rio Grande do Sul poderes para cuidar desse
assunto, e eu não ouvi nenhuma manifestação do Governo do Estado que estivesse
com a intenção de celebrar esse convênio. Mesmo que houvesse, seria impossível
esta Casa votar qualquer autorização para celebrar convênio que não esteja
expressamente colocado nos autos para que a mesma tenha o conhecimento do que
irá votar. E a Casa, quando assim age, não faz mais do que cumprir a lei. A lei
que regula a matéria determina que assim ocorra. Os convênios só podem ser
autorizados se forem - está escrito na Lei das Licitações e das Concessões -
satisfeitos alguns pré-requisitos que têm que ser claramente enunciados na
minuta que os embasa. Poderei, oportunamente, mesmo diante do quadro que citei,
oferecer o meu voto favorável a que se celebre um convênio que eu conheça. Um
convênio cujos termos desconheço não posso aprovar, não posso autorizar. Os
legalistas da Casa vivem falando que não pode ter projeto autorizativo, que não
podemos autorizar o Prefeito a fazer uma coisa que ele não pediu e muito menos
o Prefeito pode pedir autorização para fazer uma coisa que nós não conhecemos.
Mantida essa regra, amanhã poderá haver um pedido solicitando a autorização
para um convênio com o Município de Quaraí. Será uma honra para mim meu
município fazer um convênio com o Município de Porto Alegre, mas para fazer o
quê? Com que finalidade? Com que cláusula, com que disposições? Isto não é um
ato simples, não é um ato corriqueiro, mas um ato que possa a Câmara dispensar
as formalidades, mas não dispensar a essencialidade. É essencial para se
examinar um convênio, para se julgar as conveniências de ele ser celebrado ou
não, que se conheçam os termos, se saiba, com antecedência, o que estamos
autorizando. Até porque as melhores proposições podem ser utilizadas se na
mesma se coloquem cláusulas que não contrariem o interesse público e que possam
ser objeto de posições contrárias da nossa parte.
Não sei se esta matéria está
devidamente instruída para ser votada no dia de hoje. Eu não posso autorizar o
Executivo a celebrar um convênio sem conhecer os termos. Estou sendo coerente:
há poucos dias, com relação ao convênio em torno do lixo urbano, eu insisti que
nós tínhamos que conhecer os termos do convênio. Mantenho a mesma linha. Não é
possível celebrar um convênio cujos termos não sejam do conhecimento da Casa, e
nos autos do processo não há nada disso e se não tem nada disso, e se teimarem
em votar nessas condições, com muito desagrado, vou ter que votar
contrariamente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Por força do Regimento, temos que colocar em votação a prorrogação da
Sessão por duas horas. Em votação. (Pausa.) O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para encaminhar.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, temos um ato que
está anunciado, é oficial da Câmara. Foi anunciado previamente. Há inúmeras
pessoas na ante-sala aguardando. Contamos com a presença de autoridades da área
de cultura.
Há, claramente, um consenso
de que a matéria que estamos discutindo possa ser mais bem votada em outras
condições. Por outro lado, eu estaria interessado em que seguisse a Ordem do
Dia porque há um projeto de minha autoria que seria votado posteriormente, mas,
contribuindo para todo esse processo, quero dizer que o mais aconselhável é que
não se prorrogue a Ordem do Dia, que voltemos a discutir essa matéria na
sexta-feira, e, todos juntos, vamos confraternizar com este valor poético que
surge no Rio Grande do Sul, provindo da Nova Gleba, da Zona Norte de Porto
Alegre, que é o já consagrado poeta José Valdir. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação a prorrogação da Sessão. Os Srs. Vereadores que aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Requerimento de autoria do
Ver. Gerson Almeida, solicitando o adiamento por uma Sessão da discussão do PLE
nº 11/97. (Pausa.) A votação será nominal por solicitação do Ver. Reginaldo
Pujol. (Após a chamada.) Há cinco Vereadores presentes. Não há quórum. Declaro
nula a votação.
Estão encerrados os
trabalhos.
(Encerra-se
a Sessão às 18h10min.)
* * * * *